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30 dias na Itália: Ragusa, Sicília

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Ragusa Ibla

Localizada na região sul da Sicília, Ragusa foi fundada por sicilianos indígenas no século 18 aC, no auge da Idade do Bronze. Os gregos de Siracusa chegaram à região no século 8 aC, os romanos a conquistaram em 258 aC e por lá ficaram até a queda do império. Também passaram por lá bizantinos (séculos 4-8 dC), árabes (séculos 8-10 dC), normandos (séculos 11-13 dC), franceses e espanhóis. Em 1693 a cidade foi arrasada por um terremoto que atingiu a maior parte do lado oriental da Sicília e matou mais de 60 mil pessoas (10 mil só em Ragusa).

A opinião pública de onde a reconstruir a cidade foi dividida, e por isso um acordo foi feito. Os cidadãos mais ricos optaram por um local diferente, que recebeu o nome de Ragusa "Superiore", enquanto a outra metade da população decidiu pela reconstrução no local original, mantendo o nome Ragusa Ibla. Reconstruída em estilo barroco, o layout medieval de Ibla mistura ruas sinuosas, escadarias íngremes e igrejas antigas. Já Ragusa Superiore mescla edifícios em estilos barroco e neo-clássico, ruas largas e planas.


Via Capitano Bocchieri com o Duomo ao fundo

As duas cidades permaneceram politicamente separadas até 1926, embora conectadas pela Ponte Vecchio (1843), quando foram unificadas para se tornar a capital da província, tomando o lugar de Modica, cidade mais importante na região desde 1296. Desde então outras duas pontes foram construídas, a Ponte Nuovo (1937) e Ponte Giovanni XXIII (1964).

Ragusa tem no total 18 monumentos declarados Patrimônio Mundial da UNESCO em 2002, 5 dos quais em Ragusa Superiore e os demais em Ibla. A lista completa pode ser consultada aqui.


Ponte Vecchio (frente) e Ponte Nuovo (fundo) (Crédito: Wikipedia)

Como chegar: O aeroporto de Comiso (17km de Ragusa) recebe voos “low-cost” da Alitalia e Ryanair vindos de Roma (Fiumicino e Campino) , Milão(Linate), Londres (Stansted), Paris (Orly) e Dublin.

Partindo de Catania (97km), cidade com o principal aeroporto da região para voos internacionais, é possível chegar em Ragusa de ônibus (ETNA Trasporti, 11 saídas diárias, 1h45 de viagem, com saídas do aeroporto a cada 30 minutos) e trem (Trenitalia e Blablacar, 1h30 de viagem, com saídas diárias de Catania Centrale), ambos com chegadas em Ragusa Superiore, de onde partem ônibus da AST para Ragusa Ibla. De Siracusa também partem trens (Trenitalia, 2 horas) e ônibus (AST, 2h30) regulares até Ragusa.



Quanto tempo ficar: Dois dias, suficiente para conhecer as principais atrações de Ragusa ibla e Superiore. Clique aqui para ver o mapa de Ragusa.

Comece o tour por Ragusa Ibla, na inclinada Piazza del Duomo, repleta de bares e restaurantes. Localizada no topo da praça, a Cattedrale di San Giorgio (século 18) levou quase 40 anos para ser finalizada e é considerada símbolo do renascimento da cidade pós-terremoto e principal edificação de Ragusa. Catedral de Ragusa Ibla, substituiu a antiga Chiesa di San Giorgio Vecchio construída em estilo gótico-catalão na segunda metade do século 14 e destruída pelo terremoto de 1693 (a maioria de suas pedras foram utilizadas para construir o novo Duomo), exceto por seu portal quase intacto que pode ser visto perto do Giardino Ibleo.


Cattedrale di San Giorgio

Uma grande escadaria cercada por uma grade de ferro ornamentada por estátuas de santos revela uma fachada dividida em três partes por colunas e outros elementos decorativos. A cúpula em estilo neoclássico é de 1820, tem 40 metros de altura e é suportada por 16 colunas duplas. O interior tem uma planta em cruz latina com uma nave central e duas naves laterais com pilares de pedra e absides semi-circulares. Treze grandes vitrais nas laterais representam a vida e o martírio de São Jorge, o interior é decorado com pinturas dos séculos 18-19, e no final do corredor principal há uma enorme tapeçaria que lembra a Crucificação.


Piazza Duomo com a catedral ao fundo

Na Via Capitano Bocchieri, pertinho do Duomo, está o Palazzo La Rocca (século 18), famoso pelas oito varandas com mísulas ornamentadas por máscaras típicas da arte barroca, com figuras mitológicas, anjos e desenhos com representações de pessoas de todos os níveis da sociedade. Na mesma rua está o Duomo, um dos três restaurantes da cidade donos de estrelas no Guia Michelin (os outros são La Fenice e Locanda Don Serafino).


Uma das sacadas do Palazzo La Rocca

Descendo a praça à esquerda está o Circolo di Conversazione (século 19), um clube fechado dos nobres de Ragusa para conversar e passar o tempo. A fachada tem três portas emolduradas por seis pilastras, acima das portas laterais há um baixo-relevo com duas esfinges, e na central são duas mulheres aladas segurando uma lâmpada. No topo, o brasão de armas da cidade ladeado por dois leões. O salão central em estilo neoclássico parece um palácio, com molduras douradas nas portas e espelhos e um afresco que ocupa todo o teto. Os outros seis quartos são reservados para jogar e ler. Para relaxar, há um jardim interno com palmeiras e flores.


Circolo di Conversazione

Continuando a descida encontramos a Piazza Polaà direita, com sua Delegazione Municipale (Câmara Municipal)  e a Chiesa di San Giuseppe (1590). Sua fachada convexa é dividida em três níveis, com quatro colunas coríntias e duas meias-colunas, um portal com arco semicircular e estátuas de Santa Gertrudes, Santo Agostinho, São Gregório, Santa Escolástica San Mauro e São Bento. Na torre estão três sinos do século 19.


Delegazione Municipale (esq)  e a Chiesa di San Giuseppe (dir)

O interior abobadado-oval é dividido em três naves, tem cinco altares feitos de pedra e decorados com vitrais, belas galerias, um pavimento de asfalto preto intercalado com azulejos de majólica e uma cúpula decorada com um afresco da Gloria di San Benedetto (1793). No altar central está uma imagem da Sagrada Família (1775). Abriga estuques preciosos, pinturas e várias peças barrocas.


La Fontana di Piazza Duomo, em frente a Piazza Pola

Seguindo pela Corso XXV Aprile, chegamos ao Giardino Ibleo (ou Villa Comunale), mais antigo dos quatro jardins públicos da cidade foi construído em 1858, mescla estilos inglês e italiano, oferece uma grande variedade de plantas e flores, além de uma bela vista do vale dell’Irminio. A entrada é uma bela alameda cercada por palmeiras, no interior estão a Chiesa di San Vincenzo Ferreri, ou Chiesa di San Domenico (século 16), Chiesa di San Giacomo (século 14) e Chiesa del Cappuccini (século 17), todas erguidas em estilo medieval. No centro do parque, um monumento homenageia os mortos das duas Guerras Mundiais.


Entrada do Giardino Ibleo




Monumento em homenagem aos mortos das duas Guerras Mundiais


Chiesa di San Domenico (esq) e Chiesa di San Giacomo (dir)

À direita da entrada do jardim, está o Portale di San Giorgio, ruína da antiga Chiesa di San Giorgio Vecchio. Era uma igreja impressionante, com três naves, catorze pilares e doze altares. Construído com blocos de calcário maciço, o portal é um dos símbolos mais importantes da cidade. A moldura acima da entrada tem São Jorge matando o dragão e libertando a Rainha de Beirute. O arco está contido entre duas pilastras caneladas e espaço superior é decorado com dois grandes diamantes, que abriga a águia Ragusa.


Portale di San Giorgio

Saia do parque pela direita e faça o retorno pelo vale, pegando a Via Chiaramonte e a Via del Mercato, passe pelo prédio do antigo Mercato Pubblico, atualmente fechado. No final da via está a Piazza della Repubblica, núcleo histórico da antiga Ibla. Localizada no topo de uma escadaria, a Chiesa delle Anime del Purgatorio (1658) foi uma das poucas a não sucumbir ao terremoto de 1693, graças a um aqueduto que resistiu e a manteve escorada. Sua fachada tem quatro colunas com capitéis coríntios, ao redor da entrada principal estão esculturas de pessoas no purgatório. Como curioridade, a torre sineira (século 18) fica separada da igreja


Chiesa delle Anime del Purgatorio

O interior em estilo barroco tardio tem duas fileiras de seis colunas de pedra com capitéis coríntios, cinco altares e três capelas. O altar-mor de mármore policromado e cercado por quatro colunas coríntias data do final do século 18. Contém pinturas e esculturas dos séculos 17-19, como a imagem “Santos e Almas do Purgatório” (século 18). As cornijas dos corredores têm esculturas de crânios com a insígnia de reis, papas, cardeais e bispos, simbolizando a transitoriedade da riqueza e poderes humanos.

Do outro lado da praça está Via Scale, a famosa escadaria com 242 degraus que conecta Ragusa Ibla e Ragusa Superiore. Além das casas centenárias distribuídas nos dois lados da escadaria, também encontramos belos palácios e igrejas, como a Chiesa di Santa Maria dell'Itria (século 14), construída no antigo bairro judeu e reconhecida pela torre sineira octogonal com guirlandas esculpidas e pelo campanário com azulejos azuis.


Via Scale


Cúpula da Chiesa di Santa Maria dell'Itria

Ampliada na primeira metade do século 18, o interior em estilo rococó tem uma nave central e duas laterais, divididas por dez colunas de pedra branca com capitéis coríntios. Contém cinco altares decorados com pinturas e esculturas, e uma capela elegante à direita. O altar-mor tem um dossel de madeira entalhada suportado por quatro colunas caneladas, dois de cada lado. Acima da entrada principal está o órgão de madeira (acessado por uma escada que leva também à torre do sino), e no chão há três lápides de pedra do século 17.

A subida é dura, mas vale a pena. Aproveite para recuperar o fôlego em frente ao Palazzo Nicastro (1760), antigo presídio da cidade e famoso pela escadaria que passa por baixo do prédio. Superada a escadaria, encontramos o Palazzo Cosentini (século 18), com uma série de varandas esculpidas com máscaras e figuras caricaturais e uma bela estátua de San Francesco di Paola na esquina do prédio.


Palazzo Nicastro (também conhecido como "Palazzo della Cancelleria")

Nossa próxima parada é a Chiesa di Santa Maria delle Scale (século 11), igreja mais antiga da cidade, erguida sobre as ruínas da Abbazia de Santa Maria di Roccadia. Reconstruída nos séculos 13-14 e após o terremoto de 1693, mescla estilos barroco e gótico (incluindo três portais em estilo catalão no corredor à direita). Já a restauração realizada no século 18 incluiu alguns componentes em estilo renascentista e e girou o interior da igreja em 90°.


Chiesa di Santa Maria delle Scale

O interior tem três capelas em estilo gótico tardio adornadas por telas de alguns pintores sicilianos do século 18. A partir da nave principal é possível ver quatro portais que dão acesso à antiga nave da igreja original, com colunas esculpidas e arcos ogivais em estilo gótico. No altar principal é possível avistar uma bela obra de terracota entitulada "Transito della Vergine" (1538).

Agora que você já viu a igreja, olhe para o outro lado e aprecie um dos melhores mirantes da Sicília, uma visão privilegiada da cidade antiga, suas ruas estreitas, a Chiesa di Santa Maria dell'Itria em primeiro plano, a Chiesa delle Anime del Purgatorio atrás, o Palazzo Sortino Trono (em amarelo, do lado esquerdo da igreja), a cúpula da Cattedrale di San Giorgio no fundo à esquerda. No ponto mais alto da cidade está o Distretto Militare, que já foi usado como presídio e que atualmente é usado pela Università Iblea (Universidade de Ragusa).


Uma das belas sacadas do Palazzo Cosentini

Saia da igreja em direção a Corso Italia, onde começamos nosso tour em Ragusa Superiore. Nossa primeira parada é no Palazzo Bertini, erguido no final do século 18 e famoso por suas mísulas ornamentadas nas varandas, sendo a mais famosa delas conhecida como “tre mascheroni”, as três cabeças retratando figuras típicas da época barroca (pobre, nobre e comerciante).

Seguimos pela Corso Italia em direção à Piazza San Giovanni, onde estão o Palazzo Zacco (século 18), outro exemplo de palácio com varandas de arte barroca, e a antiga catedral de Ragusa Superiore, a Cattedrale di San Giovanni Battista (século 18). A fachada tem três portais e esculturas que representam a Madonna, São João Batista e São João Evangelista. A ordem superior de colunas tem dois relógios solares do século 18 que mostram o tempo no modo “italiano” (de sol a sol) e “francês” (de meia-noite à meia-noite). A alta torre sineira, no lado esquerdo, também é em estilo barroco.


Cattedrale di San Giovanni Battista (Crédito: blog "Catedrales Católicas del Mundo")

O interior tem uma planta em cruz latina com três naves separadas por três colunas adornadas com ouro. Sobre cada coluna estão painéis mostrando versículos bíblicos referentes a São João Batista. A cúpula foi construída em 1783 e coberta com folhas de cobre no século 20. O magnífico órgão de tubos Serassi foi instalado em 1858. As capelas laterais, caracterizadas por altares decorados com mármore, são do século 19.

Fechamos nosso tour no Museo Archeologico Ibleo, localizado entre as vias Roma e Natalelli. Dividido em seis seções, de acordo com os períodos dos achados (pré-histórico, grego, Siculis, helenística, romana e “coleção”), no seu acervo estão coleções de vasos, fragmentos de pisos de mosaico e painéis de parede, estatuetas de terracota de antigas divindades gregas e romanas e túmulos reconstruídos do início do século 6 aC. Abre todos os dias das 9hs às 13h30 e das 14hs às 17h30, a entrada custa €4 para adultos e €2 para menores.

Onde comer:

Para uma cidade com três restaurantes estrelados no Guia Michelin (Duomo, La Fenice e Locanda Don Serafino), tivemos alguma dificuldade para fugir das armadilhas “pega-turista” e buscar refeições com boa relação custo/benefício.

Trattoria Ai Lumi: Instalado em um casarão centenário na Corso XXV Aprile, nos revelou um problema dos restaurantes instalados na Piazza Duomo: do lado de dentro é um forno, e do lado de fora há a questão dos fumantes. Ou seja, quem não fuma, sofre. Comemos dois spaghettis, um com camarões (€10) e outro com tomatinhos e alho (€9), ambos suficientes para matar a fome, mas longe de arrancar suspiros.





Maredentro: Outro restaurante na Corso XXV Aprile, salão interno com tijolos à mostra mantém o ar medievaql de Ragusa Ibla. Boa execução nos pratos à base de frutos do mar - a salada de frutos do mar (€9) reúne polvo, lula, camarões e mexilhões, o resultado agradou bastante; já o misto de frutos do mar (€15) tem camarão e lula bem preparados, mas o filé de peixe-serra (peixe servido em abundância nas mesas sicilianas) sem graça.





Gelati DiVini: Sorveteria instalada na Piazza Duomo, provavelmente uma das melhores da cidade, mas bem abaixo de outros gelati italianos que provamos no continente – aliás, os gelati sicilianos revelaram-se, em linhas gerais, decepcionantes. Oferece cerca de 20 sabores, preços entre €2 (pequeno) e €3 (grande) por um copinho ou casquinha com 2 sabores. Chocolate com sabor intenso, limão e maracujá com gostos bem artificiais.




Bogotá – Taj Mahal (Usaquén)

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Chicken Tikka Masala

Restaurante indiano localizado no gastronômico bairro de Usaquén, região norte da cidade. O cardápio mescla pratos de diferentes regiões da Índia, com foco na cozinha do norte do país, em especial a Punjabi (pratos com generoso uso de manteiga, masala, leite e iogurte, marinados na cebola, alho e gengibre e especiarias para acentuar os sabores), e preparados no tandoor (forno vertical de barro onde as carnes e verduras são assadas em longos espetos chamados “seekhs”; já os pães são colados nas paredes do tandoor). São pratos coloridos e perfumados, com carnes tenras e suculentas, sabores ricos e complexos.

Por trás da sociedade está um empresário colombiano e um casal de indianos, que ainda trouxeram dois chefs de lá para garantir a qualidade dos pratos. Dizem que é o melhor indiano de Bogotá, para ser sincero é o único que conheci, e sem dúvidas tem boa qualidade, superior à maioria dos indianos de São Paulo.


Salão interno



Para garantir um sabor mais fiel possível ao encontrado nos grandes centros de culinária indiana do mundo (Londres, Nova Iorque, além da própria Índia), o Taj Mahal importa grande parte das especiarias usadas nos pratos.

O ambiente é requintado e bem decorado sem excessos, dividido entre um salão interno e uma área externa. O atendimento, cordial e super prestativo com todos, desde aqueles novos na cozinha indiana até os mais tarimbados.

Não é um restaurante barato para os padrões de Bogotá, embora os brasileiros não encontrarão diferenças em relação aos indianos que temos – entradas entre COP 13,500 e COP 27,600, pratos principais entre COP 21,600 e COP 43,800, bastami (arroz típico indiano) entre COP 9,900 e COP 24,900, naan (pão indiano) entre COP 4,500 e COP 5,700), bebidas entre COP 4,800 e COP 7,800, sobremesas por COP 12,900.

IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

Fizemos duas visitas, nas duas os tempos da cozinha foram ótimos, o único deslize foi na preparação do meu Lassi, que demorou uma eternidade para chegar – chegou o couvert, a entrada, o prato principal, e nada da bebida. Para minha sorte o dono estava lá almoçando com a família, viu que algo estava errado comigo, veio até a minha mesa e quando soube o que era foi até a cozinha. Em 30 segundos a bebida estava na minha mesa.


Couvert

O couvert vem com dois pedaços pequenos de naan tradicional, fofinho e quentinho, e três tipos de chutney, de tamarindo, manga (de longe o melhor) e menta, para serem comidos com o naan e acompanhar os pratos.

Da lista de entradas, provamos as saborosas “Vegetable Samosas” (COP 13,500), que ótimas com os chutneys e ficariam ainda melhores com um pouco mais de curry; e o “Tandoori Chicken Tikka” (COP 18,500), quatro pedaços de peito de frango incrivelmente macios, mas que diferente do apontado no cardápio não são nada picantes, o que me decepcionou um pouco.


Vegetable Samosas


Tandoori Chicken Tikka

A lista de pratos principais é grande. Entre as especialidades, estão 5 opções com diferentes tipos de curry e preparações (Saag, Korma, curry vermelho, Bhuna e Kadhai), que podem ser pedidos sem pimenta ou com níveis de picância baixo (super tranquilo, mesmo para os iniciados) e médio (para os já familizarizados com curry), além do Madras (muito picante) e do Vindaloo (muito muito muito picante). É possível escolher entre paneer (queijo), verduras, frango, pescado, cordeiro ou “langostinos” (camarões gigantes).

Nossa primeira experiência foi com o “Chicken Tikka Masala” (cubos de frango feitos no tandoor com masala e molho à base de tomates; COP 27,900), meu prato preferido da cozinha indiana e obrigatório quando visito um restaurante pela primeira vez. Sem dúvidas um prato bem executado, com pedaços tenros de peito de frango e bom molho à base de curry vermelho e masala. Como não conhecia os níveis de picância da casa, pedi com um prato “picante leve”, e achei leve demais.


Garlic Naan

Também provamos o “Curry Cordero” (COP 36,600) com picância mêdia. Pessoalmente não gostei do ponto do cordeiro, alguns pedaços estavam duros, difíceis de desfiar com o garfo e faca. O molho veio abundante, com boa presença de curry (forte, mas no meu caso não suficiente para deixar suando), todavia o gosto do gengibre estava intenso demais e matou um pouco do masala.


Curry Cordero

Para acompanhar os pratos indianos, sempre peço Garlic Naan, e aqui não foi diferente. O naan do Taj Mahal (COP 4,500) é feito na espessura correta, nem muito grosso para ajudar a pegar os ingredientes com as mãos, nem muito fino para reter o molho. Chega à mesa quentinho, com boa quantidade de alho e manteiga escorrendo.

Da carta de bebidas provamos o tradicional Lassi de Manga (COP 7,800), em quantidade reduzida e que usa uma polpa de fruta bem sem graça, e uma boa limonada de coco (COP 6,900) - em tempo: na Colômbia é possível fazer “limonada” com praticamente qualquer fruta, inclusive só com limão. A oferta de vinhos e cervejas cumpre o papel de oferecer os rótulos mais conhecidos, com cervejas nacionais e vinhos chilenos e argentinos mais conhecidos, mas sem surpreender.


Zuccardi “Serie A” Malbec Reserva 2010 (esq) e Lassi de Manga (dir)

Da carta de vinhos, pedimos o bom Zuccardi “Serie A” Malbec Reserva 2010 375ml (COP 43,000), um vinho com ótimo corpo onde quase não se nota os 14,8% de teor alcoolico, e sem aqueles taninos fortes de todo vinho argentino, que parece que você está mordendo a mesa. No nariz predomina a ameixa, já na boca destacam-se figos secos e cerejas. Boa pedida para harmonizar com pratos à base de curry.

Fechamos com a sobremesa mais clássica da Índia, um bem executado “Gulab Jamun” (pequenas bolas de leite em pó e farinha, adoçados com açúcar, cardamomo e açafrão; COP 12,900), morninho, desmanchando na colher e com uma ótima calda de flor de laranjeira com pedaços de pistache.


Gulab Jamun

Endereço: Calle 119B Número 6A-34 - Usaquén
Telefone: +57 (1) 3002790
Horário de funcionamento: Terça à quinta das 12hs às 15hs e das 19hs às 22h30, sexta e sábado das das 12hs às 15hs e das 19hs às 23hs, domingo das 11h30 às 16hs
Internet: http://tajmahal.com.co/

Bogotá – La Tapería (La Macarena)

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Langostinos

Restaurante de tapas localizado na Zona M, reduto gastronômico do bairro de La Macarena, nos arredores do Museo Nacional. Como o nome da casa diz, o negócio lá são as tapas - são cerca de 30 opções no cardápio, sempre com um pé na Espanha – tem jamón serrano, tem queijo Manchego, tem tortilla de batatas.

Quem já passou pela Espanha sabe que existem bares de tapas praticamente em cada esquina, em sua maioria lugares bem simples, com comida farta e barata. Fora da Espanha, os bares caíram no gosto das classes mais altas e viraram modinha; como consequência da clássica equação de oferta e demanda, virou comida gourmet e o preço subiu.



A Zona M concentra vários restaurantes espanhóis e os principais bares de tapas da cidade. Os preços no La Tapería não são altos (entre COP 15,000 e COP 27,000 por tapa), a idéia de reunir várias pessoas em uma mesa e pedir várias porções para “picar” sempre funciona, entretanto as porções são pequenas. Uma refeição para um casal teria entre 4 a 5 porções, o que facilmente eleva a conta acima dos 100,000, valor considerado alto para os padrões bogotanos.

IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.


Lomo queso azul

O ambiente lembra um daqueles inferninhos da Rua Augusta (São Paulo), com ambiente escuro, música em volume entre médio e alto, repleto de cartazes de bandas nas paredes, quinquilharias de decoração e uma leve fumaceira saindo da cozinha, o que além de defumar a roupa pode não ser muito agradável para mulheres que acabaram de fazer escova.

Após uma varredura no cardápio visando fugir das tapas óbvias, três pratos chamaram nossa atenção. O primeiro foi o “Lomo queso azul” (cubos de filet mignon com molho à base de queijo azul; COP 16,900) que imediatamente elevou nossas expectativas. Carne tenra e suculenta feita na grelha ao ponto, molho excepcional com gosto intenso de queijo azul. Um baita prato. Comeria várias vezes, tranquilamente.


Pulpo La Tapería

Em seguida, pedimos o “Pulpo La Tapería” (pedaços de polvo peparados na grelha; COP 21,900), um senhor balde de água gelada. Feito na grelha, a diminuta porção de polvo não apenas passou do ponto (os pedaços oscilavam entre duros e borrachentos), chegou à mesa praticamente queimada. Como um chef permite servir um polvo tostado? Será que ele comeria se fosse para ele? Duvido. Acompanham o polvo uma porção de batata chips e um dip de azeite e tomate, que por melhor que fossem (e estavam no máximo na média) não salvariam o prato.

Fechamos a refeição com o “Langostinos” (quatro camarões tamanho “U12” preparados ao estilo “al ajillo”, apenas com alho; COP 27,000). Sim, os camarões gigantes são ótimos, tenros e cozidos à perfeição, todavia poderiam ter ficado marinando um pouco no molho de alho, certamente teriam um sabor bem melhor. Já o molho, embora saboroso, estava aguado demais, o que não chegou a interferir na qualidade final do prato.


Moonshine Amber Ale

Para beber, pedimos uma Moonshine Amber Ale (COP 8,500), uma artesanal feita em Bogotá extremamente maltada e muito saborosa, melhor que a Monserrate da BBC (Bogotá Beer Company). Só fiquei morrendo de vontade de provar a Weissbier deles, que estava em falta no dia da visita.

Endereço: Carrera 4A Número 26d-12 – La Macarena
Telefone: +57 (1) 8053252
Horário de funcionamento: Segunda a sábado das 12hs às 15hs, domingo das 13hs às 16hs
Internet: http://www.lataperia.co/

Bogotá – La Biferia

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Bife Ancho

Restaurante de carnes com cinco endereços em Bogotá, nas zonas financeiras das Calles 109 e 79B, além dos redutos gastronômicos de Usaquén, Zona G e La Macarena, pertinho do Museo Nacional.

Visitamos duas vezes a casa de Usaquén, localizada na Carrera 6A, principal rua do bairro e que concentra a maioria dos principais restaurantes da região, a poucos passos da Plaza de Usaquén. O ambiente dividido em dois andares é clean e bem decorado para passar um ar moderno, com uso de móveis escuros para contrastar com as paredes claras e a generosa entrada de luz natural. O som ambiente é regado ao bom e velho rock and roll, mas com uma pegada mais leve e o volume baixo, para curtir sem ter que aumentar a voz para conversar. O atendimento é muito solícito e cortês, explicam os pontos de carne e ajudam na escolha do vinho e dos pratos.


Salão no térreo


Cartaz com desenho que explica os cortes da casa

Da lista de entradas com sotaque argentino, provamos as Empanadas de Carne (COP 9,800) – aliás, aqui cabe um parêntesis: a empanada colombiana é feita com farinha de milho, e o recheio leva carne moída, sem muito tempero. É seca, por isso é servida com um molho chamado “ají picante”, que leva coentro, pimenta e vinagre. Para quem está acostumado com a tradicional empanada criolla servida na Argentina, a empanada colombiana é um pouco decepcionante.


Empanadas

Se a empanada fica devendo, o Choripán (COP 9,700) trouxe de volta as esperanças de uma boa refeição. Feito do jeitinho argentino, a linguiça é preparada na parrilla e dividida em dois pães pequenos, complementado por chimichurri (em tempo 2: o chimichurri colombiano é gostoso, mas não tem nada a ver com o chimichurri argentino). O choripán deles me fez viajar até Buenos Aires e lembrar das caminhadas no Costanera Sur, devidamente finalizadas com um belo choripán vendido em um dos muitos “carritos” do parque, simples, gostoso e perfeito para repor as energias.


Choripán

IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

A estrela da casa são as carnes preparadas do jeito argentino “a la parrilla”, com aquela labareda alta para selar a carne e manter os sucos, e apenas com um pouco de sal e pimenta. São 18 opções de cortes (14 de carne de vaca e 4 de carne de porco), com desatque para os cortes clássicos, como Bife de Chorizo, Bife Ancho, Asado de Vacío e Asado de Tira.


Couvert da casa: pão quentinho com molho chimichurri (versão colombiana) e um molho de tomates para comer de joelhos

Como regra geral, as carnes aqui em Bogotá podem ser pedidas em seis pontos diferentes: “A punto”, em geral é o padrão de qualquer casa, vem rosado por dentro e com quase nada de sangue. Para quem gosta de carne mugindo,dá para pedir “Medio” (bem vermelho por dentro e com sangue), “Un cuarto” (chega a ser um pouco cru no meio) ou “Término azul” (apenas selada). Já para quem prefere um pouco mais passado, o “ponto para mais” é conhecido como “Tres cuartos”, já os fãs da sola de sapato vão curtir o “Bien asado”, carne que particularmente não recomendo, já que perde toda sua suculência.


Ponto "Tres cuartos"

Provamos dois cortes da casa, a ótima fraldinha da casa, chamada “Asado de Vacío” (COP 34,900, 350 gramas), que foi pedida ao ponto e chegou derretendo na boca. Já o Bife Ancho (COP 34,900, 400 gramas), pedido “Tres cuartos”, é uma peça com quase três dedos de altura, chegou bem saborosa mas veio com o interior um pouco bem passado, sem dúvidas o ideal é pedi-lo ao ponto.


O ótimo Asado de Vacío (fraldinha)

Cada carne ainda dá direito a dois acompanhamentos, que pode ser uma bem feita salada Ceasar, uma porção de batata (frita, chips ou criolla, uma batata bolinha bem saborosa) ou ainda um purê de batatas com ou sem queijo azul. Sério, é muita comida pelo preço cobrado, e muita comida boa, o que faz do La Biferia um dos grandes custo/benefício de Bogotá.


Batata frita com casca


Salada Ceasar

A carta de bebidas destaca os vinhos, muitos dos quais podem ser pedidos em taça, além de contar com boa oferta de rótulos em meia garrafa e uma sangria bem interessante. A carta de cervejas valoriza algumas artesanais locais, como a boa Monserrate Roja (COP 6,300), tostada com bastante lúpulo e defumada na medida certa para acompanhar as carnes. Entre os sucos, provamos a limonada (COP 4,500), básica e sem graça, e o suco de amora com leite (COP 4,500), que decepciona um pouco por ser polpa congelada.


Monserrate Roja

Não provamos as sobremesas, mas pelo que vimos, o Flan de caramelo deve ser algo entre espetacular e inesquecível, principalmente para os apaixonados por pudins densos, com bastante leite condensado. Fica para uma próxima visita.

Para endereços dos restaurantes, acesse https://labiferia.squarespace.com/restaurantes/. Infelizmente o site não traz os horários de funcionamento. O endereço de Usaquén funciona de segunda à quarta das 12hs às 22hs, quinta a sábado das 12hs às 23hs, domingo das 12hs às 19hs, feriados das 12hs às 17hs.

10 dicas para quem visita (ou quer conhecer) Bogotá (Colômbia)

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Vista de Bogotá com os Cerros Monserrate (esq) e Guadalupe (dir) ao fundo

1) Altitude e Clima
Bogotá é a terceira capital mais alta do mundo (2640 metros acima do nível do mar), e a altitude faz com que o ar seja mais rarefeito. Por isso, ao chegar à cidade, é comum sentir alguns incômodos, que podem durar até cinco dias, como dor de cabeça (curta e prolongada), náusea, fadiga, tontura, insônia e perda de apetite. Em geral aspirina e paracetamol minimizam os sintomas, entretanto em casos de falta de ar mesmo em repouso, fadiga e dor de cabeça prolongadas, procure um médico.

O clima na Colômbia é estável o ano todo devido à proximidade da linha do Equador. Em Bogotá o clima é bem mais ameno devido à altitude elevada, o que mantém o termômetro mais ou menos estável o ano todo, com temperatura média perto dos 15°C, máxima de 20°C, mínima de 9°C e umidade sempre na casa dos 75%. Chove o ano todo, e os meses com maior quantidade de chuvas são Abril, Maio, Outubro e Novembro, já os meses com menos chuvas são Janeiro, Julho e Agosto.

2) Dinheiro
- Câmbio: A moeda da Colômbia é ao peso colombiano (COP), atualmente R$ 1 vale o equivalente a COP 800. Para converter qualquer valor de pesos colombianos a reais, apenas multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Por exemplo, COP 50,000 * 1,2 / 1000 = R$ 60. Fácil;

- Cartão de crédito: É muito bem aceito nas seis zonas gastronômicas de Bogotá (La Macarena, ou Zona M; Candelaria, ou Zona C; Usaquén; Parque la 93; Zona Rosa, ou Zona T e Zona Gourmet, ou Zona G), além de supermercados e comércio em geral. Na hora de pagar, peça o “datáfono”, como eles chamam aqui a maquininha de cartão. Mesmo com senha, você terá que assinar o canhoto, e em alguns casos vão te pedir um documento com foto. Outra pergunta que te farão é o “número de cuotas” (número de parcelas) – parece tentador, mas sempre peça “una cuota”, já que o parcelamento, se for aceito pela sua administradora, incorrerá em juros;

- Levar pesos do Brasil ou trocá-los na Colômbia? Na Colômbia, com certeza. A taxa de câmbio no Brasil é péssima (cerca de R$ 1 para cada COP 550). O ideal é que você compre pesos em casas de câmbio, de preferência levando dólares, ou use os caixas eletrônicos para retirar em moeda local – os principais bancos são interligados às redes Plus, Visa e Maestro, portanto você pode sacar dinheiro em moeda local sem problemas (apenas informe-se sobre as tarifas de saque cobradas pelo seu banco). Em geral, mesmo com as tarifas de saque e o valor de IOF, vale mais a pena sacar na Colômbia do que levar pesos do Brasil;

IMPORTANTE: Sempre tenha na carteira alguns pesos com você (sugestão: mantenha pelo menos COP 100,000 disponíveis) para situações de emergência (e elas acontecerão), como um taxi, um ônibus ou algum restaurante/atração que não aceita cartão.

3) Vacina contra febre amarela
A Colômbia é um dos países listados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como área de risco de contaminação da febre amarela, porém o país não obriga que viajantes provenientes de outros países tomem a vacina. O Brasil, por sua vez, também não obriga que viajantes voltando de áreas de risco tomem a vacina. Mesmo assim a ANVISA recomenda a vacinação contra a febre amarela para quem pretende viajar à Colômbia, além da emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), documento válido em caso de viagens ao exterior.



Primeiro, você precisa fazer um cadastro no site http://www.anvisa.gov.br/viajante/. Depois, vá até um posto de saúde e tome gratuitamente a vacina contra a febre amarela, com validade de 10 anos. Com o comprovante de vacinação em mãos, vá até um dos Centro de Orientação para a Saúde do Viajante da ANVISA (lista disponível aqui) para emitir gratuitamente o CIVP. Observe que, em alguns locais, o CIVP só é emitido se a vacinação foi feita na mesma unidade de saúde.

4) Segurança
Quando falo em Bogotá, percebo que muitas pessoas ainda mantém o conceito da Colômbia dos anos 1990, um país violento dominado por guerrilhas e tráfico de drogas, com impressionantes 80 homicídios para cada 100 mil habitantes, onde o risco de ser sequestrado ou levar um tiro eram parte do dia-a-dia das principais cidades.

Esqueça isso. Após anos de uma política de segurança pública de dar inveja, aquela Colômbia não existe mais. O índice atual de 33,4 mortes para cada 100 mil habitantes ainda é alto e superior ao do Brasil (21) mas abaixo da Argentina (45,3). Oras, se você vai para Buenos Aires e não reclama da segurança, vai achar a de Bogotá padrão de Primeiro Mundo. E para alguns especialistas, é mesmo.


Exército fazendo a ronda em dos prédios do Centro Financeiro: a presença deles nas ruas é super comum, ajudando os policiais a garantir uma segurança de Primeiro Mundo

Bogotá orgulha-se de ser reconhecida a cidade mais policiada das Américas. Os policiais estão por toda parte, não é exagero dizer que eles estão em cada esquina, apoiados por soldados do exército devidamente armados com metralhadoras e seguranças privados, o que dá uma sensação plena de segurança. Para entrar em museus, shoppings e até mesmo no Transmilenio, eles podem mandar abrir sua bolsa ou mochila e olhar o que tem dentro, seja turista ou local. Ao entrar nos estacionamentos dos shoppings ou supermercados, os carros são invariavelmente inspecionados por cães farejadores nos bancos traseiros e no porta-malas. E ninguém reclama.

Esqueça o sul da cidade, região muito pobre e bastante perigosa. O centro de Bogotá não é muito diferente do centro de São Paulo em termos de segurança, tem que ficar bem esperto o tempo todo, com muito cuidado com o dinheiro e com a câmera fotográfica. A noite é só redobrar o cuidado. Ja a região norte tem padrão e segurança de Primeiro Mundo, é possível andar pela rua à noite sem nenhum medo.

Em resumo, comporte-se como em qualquer cidade grande, cuide da bolsa ou mochila, observe o que acontece ao redor, não ande muito distraído, cuidado com o celular. Cuidados básicos devidamente tomados, não me senti ameaçado ou inseguro em nenhum momento.

5) Onde ficar
Os principais bairros para hospedagem são Chicó (entre Calle 85-100 e Carreras 7-15, onde está o Parque la 93), Usaquén (entre Calles 100-127 e Carreras 7-15, onde está a zona gastronômica de mesmo nome) El Retiro (entre Calles 82-88 e Carreras 7-15, onde está a Zona T), Emaus (entre Calles 68-74 e Carreras 4-7, onde está a Zona G), todos residenciais, localizados na região norte e nos arredores da Carrera 7, com excelente infraestrutura e fácil deslocamento via Transmilenio para outras regiões da cidade.

A La Candelaria (entre Calles 7-12 e Carreras 3E-7, onde está a Zona C), na região central, concentra a maioria dos hostels e está pertinho das principais atrações turísticas, porém não é uma região muito movimentada e segura para sair à noite.

6) Transporte público e taxis
Bogotá é uma cidade grande, são mais de 8 milhões de pessoas e incríveis problemas de mobilidade urbana - por exemplo, Bogotá não tem metrô, e o trânsito daqui no horário de pico é de deixar São Paulo e Rio com inveja. O transporte público é feito por ônibus Transmilenio, principal empresa da cidade, com sua frota de ônibus modernos e espaçosos. Também circulam os ônibus SITP (sigla de “SIstema de Transporte Público de Bogotá”), interligados com a rede Transmilenio, e as busetas (as clássicas lotações) de cooperativas, em geral microonibus pequenos, velhos e quase sempre lotados. Só as use se realmente não tiver outra opção.


Transmilenio biarticulado parado em uma estação

Existem 12 zonas (ou “troncais”) de Transmilenio, que permitem chegar a praticamente todas as regiões e atrações turísticas da cidade. Para ver o mapa completo e conhecer os itinerários e locais de paradas das linhas (nem todos os ônibus param em todas as estações), clique aqui.

Para usar os ônibus Transmilenio e SITP, você precisa comprar um cartão chamado "Tullave", uma espécie de bilhete único – os ônibus não possuem cobrador, e não é possível pagar a passagem diretamente ao motorista em dinheiro. O cartão custa COP 3,000 (R$ 3,60), e o preço da passagem custa COP 1,500 ou COP 1,800 nos horários de pico (segunda a sábado das 6hs às 8h29, 9h30 às 15h29 e das 16h30 às 19h29).



O Transmilenio é um corredor exclusivo, com estações próprias de embarque/desembarque e bilheterias que vendem o cartão e realizam carga de créditos (a exceção do troncal “M”, que sai do Museo Nacional e vai até o norte da cidade pela Carrera 7, onde não existem estações nem bilheterias, apenas pontos convencionais). Além das estações, também é possível comprar e carregar o cartão em diversos pontos espalhados pela cidade (farmácias, papelarias, etc), mas sempre com dinheiro – cartão, nem pensar. A exceção são as busetas, onde o pagamento em dinheiro é feito diretamente ao motorista.


Uma das muitas busetas que circulam pelas ruas de Bogotá

Outra forma de desclocar-se por Bogotá são os taxis. Fala-se muito que os taxis daqui não são seguros, que você pode ser assaltado, etc. Bogotá não é Zurique, cuidados básicos devem ser tomados, mas a coisa é segura se você estiver atento a alguns detalhes: (1) prefira usar serviços de rádio-taxi ou pedir o taxi diretamente ao hotel /restaurante; (2) jamais pegue taxis parados em frente a caixas eletrônicos; (3) sempre observe se o taxi possui taxímetro, se está ligado e zerado – se o taxista quiser “combinar preço” da viagem, nem embarque.

IMPORTANTE: O valor que você vai pagar pela corrida não é o que aparece no taxímetro, existe uma tabela de conversão com o valor correspondente ao número que unidades que aparece no visor do taxímetro – cada unidade equivale a COP 780. Se for andar de taxi à noite, no valor final da conta será acrescida uma sobretaxa de COP 1500.

7) Chegando e entendendo a nomenclatura das ruas de Bogotá 
O aeroporto internacional El Dorado é o principal da Colômbia e recebe os voos vindos de vários países, incluindo o Brasil. Distante cerca de 15km do centro de Bogotá, é atendido por taxis credenciados – é só chegar no guichê na saída internacional e dizer para onde você vai, vão te dar um voucher com o valor exato da conta, não importa o que aconteça no caminho. O dinheiro você paga diretamente ao taxista, porém o valor nunca vai ser maior que o indicado no voucher.

IMPORTANTE: NUNCA pegue taxi daqueles caras que ficam esperando um turista desavisado ou com pressa do lado de fora do desembarque.


Ônibus que conecta a área de desembarque ao Terminal El Dorado

Na área de desembarque do aeroporto há um ponto Alimentador Transmilenio, a linha 16-14 (ônibus de cor verde) leva até o Terminal El Dorado, de onde partem as linhas M86, B23, B16 (sentido norte), J6 (leste), L10, G43, H54 e L97 (sul).É possível comprar o cartão e carregá-lo na cafeteria Pick Up, localizada entre as saídas internacionais 4 e 5.


M86, o ônibus mais moderno do sistema Transmilenio, que liga o Aeroporto até a Calle 116, passando pelo Museo Nacional e bairros de Emaus, El Retiro, Chicó e Usaquén

As ruas em Bogotá não são identificadas por nomes, mas sim números (rua 1, avenida 2, etc.), o que aqui é conhecido por "Nomenclatura". Parece difícil deslocar-se, mas é incrivelmente fácil - para entender melhor os endereços de Bogotá, as Carreras (ou Avenidas) são as ruas paralelas às montanhas (e a numeração começa a partir delas) e as Calles são as transversais (a numeração é crescente do sul para o norte). Por fim, cada endereço tem três componentes: (1) o número da Calle ou Carrera onde está localizado, (2) a Calle (ou Carrera) da esquina imediatamente anterior, e (3) o número do imóvel.

Exemplo (1): O endereço Carrera 14, Nº 82-50, quer dizer que você está na Carrera 14 (décima quarta rua paralela à montanha, do leste para o oeste), a esquina anterior é a Calle 82, e o endereço está a 50 metros da Calle 82.

Exemplo (2): Já o endereço Calle 95, Nº 9-97, quer dizer que você está na Calle 95 (nonagésima-quinta rua transversal à montanha, do sul para o norte), a esquina anterior é a Carrera 9 (sentido leste para oeste, e o endereço mencionado está a 97 metros da Carrera 9.

É bastante intuitivo, bastam alguns poucos dias na cidade para ficar plenamente acostumado. Mas se ainda tiver alguma dúvida, basta navegar um pouco no mapa de Bogotá no Google Maps.

Por fim, a questão da orientação. Nas placas de rua, a direção das Carreras é sempre dada por "norte" a "sur" (por exemplo: Carrera 14 norte e Carrera 14 sur), o que é fácil; já as direções das Calles são dadas por “Ocidente” e “Oriente” (e não esquerda/direita ou leste/oeste, como estamos acostumados), sendo "Oriente" a direção das montanhas, enquanto "Ocidente"é o sentido do Aeroporto.

8) O que fazer
Bogotá reúne atrações para todos os gostos. Para quem gosta de apreciar as cidades do alto, subir o Cerro Monserrate ou a Torre Colpatria são passeios imperdíveis. Os amantes de história e cultura vão adorar uma caminhada pelas ruelas e monumentos históricos do Centro Histórico e La Candelaria (Chorro de Quevedo, Plaza de Bolivar, Catedral, etc), fazer um tour no Casa de Nariño, sede da Presidência da República, ou conhecer as coleções dos Museo del Oro, Museo Botero, Museo de Belas Artes, Casa de la Moneda e Museo Nacional.


Em sentido horário: Catedral de Bogotá, peça do Museo del Oro, Jardin Botânico e Plaza de Toros vista a partir da Torre Colpatria

Os jardins da Quinta de Bolívar e Jardin Botânico convidam para uma caminhada, assim como o parque Simon Bolívar. A Feria de Usaquéné famosa por seu artesanato, já o "Tren de la Sabana", uma locomotiva a vapor que sai do centro de Bogotá e chega até Zipaquirá, é um passeio de 100km ida e volta repleto de história. Falando em Zipaquirá, não deixe de visitar sua impressionante Catedral de Sal, considerada “La Primera Maravilla de Colombia”.


Em sentido horário: Tren de la Sabana, Chorro de Quevedo, onde nasceu Bogotá; Catedral de Sal de Zipaquirá e Bogotá vista do Cerro Monserrate

Legal, mas quantos dias devo ficar em Bogotá? Como em todas as cidades, a resposta é DEPENDE do que você quer fazer, de quais atrações te interessam mais. Na nossa opinião, uma viagem entre 3 e 4 dias inteiros é o ideal para conhecer as principais atrações de Bogotá, sendo um mínimo de 2 dias pra ver o básico. Em breve publicaremos nosso roteiro de 4 dias pela cidade, que poderá te ajudar bastante no seu planejamento da sua viagem.

9) Onde e o que comer
Como Bogotá é grande e o trânsito é caótico, escolher onde ficar hospedado a partir da zona gastronômica é uma opção bastante recomendada, assim os deslocamentos serão menores. Portanto, é importante conhecer o que cada uma oferece:

- Zona Rosa: Localizada entre as Calles 79-85 e Carreras 11-15, é considerada uma das zonas mais badaladas da cidade, onde estão as principais lojas de marcas internacionais e o Centro Andino, um importante centro de compras. Também é conhecida como Zona T, formado por duas ruas peatonais em formato de T. Oferece boa gastronomia, mas é um lugar mais procurado para quem busca agitação e lugares com música no último volume para “rumbar” (expressão daqui que mecla restaurantes e balada) até o sol raiar;

- Parque la 93: Zona gastronômica do bairro de Chicó, os restaurantes ficam ao redor em uma agradável praça localizada entre as Calles 93A-93B e Carreras 11-13, onde não raro são realizados eventos culturais e oficinas para crianças. É uma zona bem mais familiar, são poucos os lugares para balada, o perfil dos restaurantes visa um público jovem ou gente disposta a uma refeição despretenciosa, sem gastar muito;

- Usaquén: A região concentra três importantes centros de compras, Hacienda Santa Barbara, Unicentro e Santa Ana. Além do famoso mercado de pulgas, a região tem o Parque Usaquén, com suas casinhas em estilo colonial e palco de diversas atrações culturais, e a Carrera 6A, que recebe a tradicional Feria de Usaquén aos domingos. Os restaurantes estão concentrados entre as Calles 114-120 e Carreras 5 e 6A, tem o mesmo perfil dos do Parque la 93, com foco nas famílias, porém as casas são direcionadas para um público mais elitizado;

- Zona Gourmet (ou Zona G): Localizada entre as Calles 67-72 e Carreras 4-7, nos arredores de um dos centros financeiros mais importantes de Bogotá, para muitos esta região concentra os melhores e mais exclusivos restaurantes da cidade, perfeitos para um jantar especial acompanhado por uma bela garrafa de vinho;

- La Macarena (ou Zona M): Reduto gastronômico nos arredores do Museo Nacional e Plaza de Toros, localizado entre as Calles 25A-30 e Carreras 1-5. É uma zona mais alternativa e boêmia, com cara de Vila Madalena e Rua Augusta, onde restaurantes e galerias de arte convivem pacificamente. Aqui estão muitos restaurantes com sotaque espanhol, das tradicionais casas de paellas até os bares de tapas.

- La Candelaria (ou Zona C): O Centro Histórico de Bogotá não é famoso apenas por sua história e museus, mas também por sua importância gastronômica. Localizada entre Calles 7-12 e Carreras 3E-7, embora seja uma área com restaurantes mais simples, focados no povo que trabalha na região durante a semana, concentra alguns bons achados e pequenos restaurantes com cozinha de autor, além de estabelecimentos reconhecidos pela boa gastronomia colombiana.

Alguns dos pratos típicos da gastronomia bogotana que merecem serm provados:

- Ajiaco: Sopa com peito de frango, três tipos de batata (criolla, pastusa e sabanera), sabugo de milho e guascas, uma erva comum na Colômbia. À parte são servidos creme de leite e alcaparras, para que você coloque a gosto. Deve ser comida acompanhada de arroz branco e um bom pedaço de abacate;

Arepa: Item indispensável no café da manhã dos colombianos, é uma espécie de torta de massa de milho ou de farinha de milho pré-cozida. Pode ser preparada assada, cozida ou frita, sem sal para comer com geléia, recheada de qualquer coisa salgada (manteiga, carne, queijo, etc) ou cortada e recheada como um pão sírio;

Fritanga: Fritada que leva diferentes carnes, bovina, de porco, chorizo, salsichas, embutidos, batata criolla, plátano maduro (a nossa banana da terra) e arepa;


Em sentido horário: Ajiaco, Patacones, Tamal e Bandeja Paisa

- Limonada: Se você acha que só existe limonada de limão (dããããã, limonada só pode ser limão), precisa conhecer Bogotá. Aqui, existem algumas variações, como a limonada de coco (é como um suco de coco, só que ao invés de água, vai limão), limonada cerezada (suco de cerejas e limão) e limonada yerbabuena (menta e limão). Parece um negócio estranho, mas é bem sabosoro!

- Tamal: Tipo de pamonha, a massa de milho é misturada com carne, frango, lingüiça, costelinha de porco, feijão, cebolinha, alho, sal e especiarias, envolta em folhas de bananeira, amarrada com barbante e cozida no vapor. Em Bogotá é geralmente acompanhada por uma xícara de chocolate quente;

- Obleas: São discos redondos de massa bem fina, geralmente recheados com arequipe (o nosso doce de leite), e servidas em formato de sanduíche;


Em sentido horário: Fritanga, Arepas, Empanadas e Obleas

- Empanada: Feita com farinha de milho, o recheio leva apenas carne moída. É um pouco seca e suave demais de tempero, por isso é servida com um molho chamado “ají picante”, que leva coentro, pimenta e vinagre. Para quem está acostumado com a tradicional empanada criolla servida na Argentina, é bem diferente, mas deve ser provada;

- Lulo: Esta frutinha amarela rica em vitamina C é usada no preparo de sucos, sorvetes, doces e drinks, tem um sabor azedinho, parece suco de abacaxi com morango (sim é gostoso). Entre suas propriedades medicinais, combate a hipertensão e a ajuda a reduzir o colesterol;

- Patacones fritos: Feito com pedaços grandes de banana da terra verde ou madura, são rapidamente fritos em óleo bem quente, retirados e amassados para que fiquem finos e planos, quando retornam à frigideira até ficarem dourados. Pronto. Servem de acompanhamento ou podem ser a estrela da mesa, servidos por algum molho de sua preferência (tomates, queijos, etc) ou apenas guacamole;

- Bandeja Paisa: Prato típico de Medellín muito apreciado em Bogotá, é um brutamonte de comida que leva feijão rajado, bisteca de porco, carne moída, arroz, bacon, ovos, patacones, chorizo, morcilla, molho hogao (cebola branca, cebolinha, alho e especiarias), abacate e arepa.

10) Ciclovias
Ciclovia em Bogotá é um negócio muito sério. Um dos poucos casos de sucesso na América Latina, a ciclovia de Bogotá, chama de “Cicloruta”, nasceu em 1974 e tem atualmente 30 “rutas” que totalizam 312 quilômetros de circulação exclusiva para as magrelas, todas devidamente interligadas para que o(a) ciclista possa chegar a praticamente qualquer região da cidade sem ter que disputar espaço com carros, ônibus e pessoas.


Cicloruta na Calle 26, com a passarela do Transmileno à esquerda e a avenida à direita

O mapa completo das ciclorutas pode ser acessado aqui (em formato jpg) e aqui (via Google Maps).

Além da Cicloruta, aos domingos e feriados (entre 7hs e 14hs) mais de 120 quilômetros de vias são bloqueadas ao trânsito de automóveis, usadas por cerca de 1 milhão de ciclistas e pedestres.

Bogotá – La Bagatelle

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Au Salmon Fumé

Restaurante inspirado nas patisseries e boulangeries francesas, com quatro endereços na cidade, nos bairros de el Retiro, Chicó, Rosales e Usaquén. A proposta da casa é oferecer refeições a qualquer momento do dia, seja um café da manhã com sotaque francês ou tradicional colombiano, um almoço leve (um crepe, uma salada, uma sopa), um chá da tarde ou jantar.

O ambiente lembra um típico bistrô parisiense, bem informal, com chão quadriculado em branco e preto e todo envidraçado para entrar luz natural. Nos fundos da loja, chamam a atenção os pães quentinhos e cheirosos, devidamente colocados em cestinhas, e a vitrine de doces, repleta de tortinhas, bolos de massa folhada, éclairs e macarons coloridos, um mais bonito que o outro. O atendimento mostrou-se ágil e prestativo nas três visitas que fizemos.


Salão


Pães "falsos" completam a decoração


Vitrine de doces

O cardápio da casa é dividido em seis seções, uma inteiramente dedicada ao café da manhã (“desayuno”), com ovos diversos (poché, frito, mexido), frutas, bolos e cereais (preços entre COP 9,000 e COP 22,500); uma seção dedicada aos crepes e tartines (entre COP 11,000 e COP 23,000); outra com pratos para petiscar, cremes e sopas (entre COP 10,500 e COP 29,000); a quarta seção é para quem busca uma refeição completa, com carnes e acompanhamentos (entre COP 23,000 e COP 33,000); a quinta tem chá da tarde, tamales (pamonhas), croissants, arepas e pães diversos (entre COP 4,500 e COP 35,000); e a última concentra os sucos, smoothies e vitaminas (entre COP 4,200 e COP 13,500).


Pães (1)


Pães (2)

IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

Após devidamente desencorajado pelo garçom a pedir o “La hora del té” (típico chá inglês com seis mini-sanduíches e seis mini-tortinhas doces; COP 35,000), com o argumento de que seria “pouca comida”, decidi me aventurar pelo cardápio de café da manhã e pedir o competente “Au Salmon Fumé” (ovos poché sobre fatias de pão integral, salmão defumado, cream cheese e molho com alcaparras; COP 22,500), um clássico dos brunches. Pão fresquinho, ovo com a gema molinha e o trio salmão defumado, cream cheese a alcaparras, que tantas alegrias já deram para a gastronomia!

O “Croque Monsieur” (COP 23,000) deles é saboroso, feito no pão brioche com uma quantidade absurda de queijo gruyère, só faltou o molho bechamel. E desculpem-me pessoal, mas croque monsieur sem bechamel não é croque monsieur. O prato ainda vem com um acompanhamento, que pode ser uma porção de fritas (chips ou “a la francesa”) ou uma gostosa salada de alface, tomate e abacate, com um molhinho de limão.


Croque Monsieur


Salada de acompanhamento

O “Club Sandwich” (COP 26,000), a clássica combinação de peito de frango, bacon, alface, tomate e maionese, aqui ganha uma versão para mestrado em Harward: feito no pão brioche, o lanche é cortado em 4 pedaços pequenos, com um palito de dente em cada para não desmontar todo. Sei lá qual a intenção de cortar em pedaços aperitivo, o desafio aqui é morder sem que tudo caia e acabe frango de um lado, bacon do outro e maionese melecando os dedos. Pelo menos o negócio é gostoso, diga-se.

Da seção de crepes, provamos o “Trois Fromages” (gruyère, brie e mozzarela, acompanhado por molho bechamel; COP 22,000). O meu pedi sem molho bechamel para sentir o sabor dos queijos. Bem recheado, o brie manda no gosto, é forte demais e levemente enjoativo, mata completamente os outros dois queijos.


Crepe "Trois Fromages"

Do cardápio de bebidas, provamos a limonada de coco (COP 6,000), a vitamina de frutas do bosque com leite (COP 13,500) e o smoothie de de aveia, banana, ameixa e leite de amêndoas (COP 12,000). Sim, as bebidas são gostosas, são densas, porém o copo é pequeno e são caras demais pelo que oferecem.


Smoothie de de aveia, banana, ameixa e leite de amêndoas


Vitamina de frutas do bosque com leite: boa, mas pouca

Não podia ir embora sem provar um dos docinhos. A escolha foi rápida, uma “Tartelette Aux La Framboise” (COP 8,900), torta de “massa podre” com baunilha no meio e framboesas ao redor. De verdade, o negócio é mais bonito do que gostoso. Acho que o grande pecado aqui é a baunilha, que não é cremosa, é um negócio endurecido e esponjoso, tem textura de maria-mole.


Tartelette Aux La Framboise

Como avaliação geral, o La Bagatelle é uma boa opção para uma refeição leve e com bom preço, mas certamente tem mais sucesso para atender os(as) famintos(as) em busca de um bom brunch de domingo; entretanto, neste caso a brincadeira pode sair um pouco cara.

Para endereços das lojas e horários de funcionamento, acesse http://www.bagatelle.com.co/puntos/.

Bogotá – Wok

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Wok’N Roll

Restaurante de comida asiática com dez endereços em Bogotá, incluindo cinco das seis zonas gastronômicas (La Macarena, ou Zona M; Usaquén; Parque la 93; Zona Rosa, ou Zona T; e Zona Gourmet, ou Zona G). Meu fiel companheiro, me salvou em vários momentos de fome e bolso curto, sempre com comida boa, farta e barata.

O ambiente lembra os tradicionais “izakaya” japoneses, um lugar informal para encontrar o pessoal após o trabalho, beber e comer boa comida. O salão é extremamente limpo, brilhante, claro e bem iluminado. Os janelões garantem a entrada de luz natural, e as grandes mesas comunitárias passam a imagem de uma refeição familiar, além de serem uma boa desculpa para puxar papo com seu vizinho e praticar um pouco de espanhol. Também tem um balcão no sushibar (aqui chamado de “barra”) e algumas poucas mesas de quatro lugares para quem busca um pouco mais de privacidade.


Salão

Com porções bem servidas e preços acessíveis, os salões vivem lotados e com fila na porta. Pessoalmente adoro chegar, “pular a fila” e ir direto para a barra, já conheço os sushimen e fico batendo papo com eles até chegar minha comida. Eles adoram me perguntar as coisas do Brasil, como são as cidades, como é o trânsito, a violência ou como está nosso futebol, e eu aproveito para perguntar coisas de Bogotá. Funciona bem, a comida chega rápido e o tempo sempre parece que voa.

Devo ter ido ao Wok umas 10 vezes, e se por um lado a comida sempre foi o ponto forte, nunca peguei nada ruim ou sequer “mais ou menos”, por outro o atendimento é um enigna: são muitas atendentes, elas correm o tempo todo feito umas desesperadas, mas ainda assim acho o serviço confuso e ausente. Cansei de chamá-las e ficar esperando alguém aparecer, elas simplesmente passavam por mim, abaixavam a cabeça e seguiam seu caminho. Por isso que passei a ficar no sushibar, a coisa lá funciona muito mais rapidamente.

O cardápio da casa faz uma deliciosa viagem de sabores por Japão, China, Tailândia e Indochina (região que contempla Vietnã, Laos e Camboja), explorando sabores tradicionais e invenções típicas de uma cozinha fusión, executadas sempre com perfeição. Disposto em formato de revista, o cardápio tem 27 páginas repletas de ilustrações dos pratos, e o melhor: você pode levá-lo para casa. Assim fica fácil: bateu aquela fome, é só escolher o que comer na sua cópia do cardápio e ir para o restaurante. A faixa de preços é o que explica o fenômeno Wok em Bogotá – o item mais caro do cardápio custa COP 31,900 (com exceção da canoa de sushi, que custa COP 79,900 e serve 3-4 pessoas).

Além de várias opções com carnes, peixes e frutos do mar, reúne uma seleção respeitável de pratos vegetarianos, um grande diferencial em relação a muitos restaurantes de Bogotá.

Do cardápio de entradas, o “Chili Gyoza” (COP 10,600) foi amor à primeira mordida. Sério, o negócio é viciante. Pense no gyoza tradicional, recheado com filet mignon e cogumelos, feito no vapor como manda a tradição japonesa. Depois de prontos, salteie os gyoza em um molho feito à base de azeite e pimenta chilli em pedaços, e sirva em uma cumbuca. O aroma que toma conta do ambiente é incrível. Simples e incrivelmente delicioso.


Gyoza tradicional...


... e o Chili Gyoza, provavelmente o melhor prato da carta

Da seção “Satays y Yakitoris”, não deixe de provar o “Satay de Lomo a la Limonaria” (COP 13,600), dois espetinhos de filet mignon moído e servidos com um molhinho apimentado à base de limão. Com uma cervejinha do lado, comeria vários.


Satay de Lomo a la Limonaria

Os “Calamares Wok” (anéis de lula empanados, servidos com um molho adocicado e uma maionese picante; COP 16,900) abrem a seção “Panasia”. Anéis sequinhos, lula deliciosamente preparada no ponto certo. O molho é gostosinho, mas é a maionese que faz a diferença – levemente apimentada, ajuda a valorizar o sabor da lula.

Chegamos ao “Phad thai”, prato clássico que abre a seção de delícias da culinária tailandesa. Feito na wok com uma pasta à base de arroz, cebola roxa, cebolinha, ovo mexido e várias especiarias, pode ser servido com frango e lula (COP 20,900), frutos do mar (COP 24,900) e camarões grandes (COP 30,900). Fã de frutos do mar como sou, fui na última opção. Um prato acolhedor, perfeito para aqueles dias mais frios. A porção de camarões é bem servida, e a combinação de temperos torna esta uma opção para quem busca um prato com sabores complexos, mas sem nada picante.


Phad thai

Da Indochina vem o “Bowl Vietnamita”, que combina tiras de filet mignon grelhado, pasta de arroz, spring roll vegetariano e cenoura ralada (COP 23,900). Comida simples e deliciosa, sabores individualmente marcantes, e que juntos formam uma explosão de sabores – tem o defumado da carne, o macarrão realçado pelo molhinho à base de vinagre que vem no fundo do prato, o spring roll sequinho com seus vegetais, o adocicado da cenoura.


Bowl Vietnamita

Ainda no Vietnã temos “Bowl de pollo con 5 especias chinas” (COP 19,900), são vários pedaços de peito de frango salteados na wok com shoyu e os tais cinco temperos chineses (que eles não contam quais são), com macarrão de arroz, pepino cortado bem fininho, manjericão, cebola e molho à base de vinagre. Um prato leve, suave e surpreendente, sem dúvidas a estrela é o frango, grelhado e temperado na wok, chega com o exterior levemente escuro por causa do shoyu. Outra pedida para quem busca uma refeição completa e sem pimenta.


Bowl de pollo con 5 especias chinas

Chegamos a minha seção preferida do menu, a culinária japonesa. Entre os pratos tradicionais, começamos pelos nigirisushi (preços entre COP 2,400 e COP 7,900 por unidade). As versões de salmão, atum, camarão e vieira são imperdíveis, sem falar do sushi de abacate, uma surpresa agradável.


Sushi de abacate e vieira

Os sashimis agradam bastante, o peixe usado por eles no preparo dos pratos é de qualidade.Entre as boas sugestões, salmão (COP 12,900, 8 unidades) e atum (COP 13,900, 6 unidades). A cada dia a oferta de peixes muda, vale dar uma perguntada para saber quais são os peixes do dia.


Sashimi de salmão


Sashimi de atum

Passamos aos temakis, que não são comparáveis aos que encontramos em SP, mas valem a pedida pela combinação de ingredientes e especiarias. O “Ebi Tempura” (COP 10,400) leva um “langostino” (camarão grande) empanado, vegetais e um pouco de ovas; já o “Spicy Temaki” (COP 11,600), servido com algum peixe do dia, mais cebolinha, abacate e maionese picante, pode ser trocado por atum, sem acréscimo no preço, ou salmão, com um pequeno acréscimo. Das três combinações, o atum atinge melhor resultado, harmonizando melhor com a maionese picante. No caso do salmão e do peixe do dia, a potência da maionese acaba prevalecendo.


Ebi Tempura

A oferta de makis revela o lado inventivo da casa, onde realmente a cratividade não tem limites. Existem umas opções com gosto estranho, como por exemplo maki com queijo gratinado por cima, mas em geral o cardápio revela grandes achados, opções que você comerá e dificilmente esquecerá.

Começamos pelo “Inca Maki” (COP 19,900, 8 unidades), um hossomaki (com alga) com peixe empanado, abacate, cebolinha e maionese picante. Confesso que tive dúvidas se o peixe aqui seria uma boa opção, e me surpreendi pelo resultado. O sabor suave do peixe, com a casquinha crocante, casa bem com o abacate, e a dupla ganha potência com a maionese levemente picante. Este é o típico exemplo em que shoyu e wasabi são plenamente dispensáveis, é um prato com identidade e brilho próprios.


Inca Maki

Meu maki preferido é o “Wok’N Roll” (COP 28,900), que combina kani (aqui chamado de “palmito de cangrejo”, um ingrediente meio desvalorizado nas cozinhas brasileiras, mas que aqui na Colômbia é bem respeitado), além de tempurá de langostino e cream cheese; do lado de fora vai um tartar de peixe e kani, maionese, cebolinha e molhos teriyaki e ajonjolí (à base de gergelim) finalizado com folhas de coentro. Sério, é uma invenção louca, uma mistureba de sabores que se combinam muito bem e fazem surgir um prato bom pacas, entre excepcional e inesquecível. Ainda bem que o coentro vem em cima, recomendo que seja devidamente colocado do lado do prato, o sabor dele é forte demais e esonde a riqueza do prato. Aqui o camarão é a estrela e poderia muito bem fazer a música sozinho, mas a idéia aqui é compor uma bela sinfonia, e é aí onde entram os outros ingredientes. Prove o negócio e você vai entender o que quero dizer.

Outro maki que atinge um ótimo resultado é o “Tempura Ko” (COP 27,900), que reúne tempura de langostino, kani, cream cheese, pepino e abacate, envolto em tempura ko (farinha de tempura misturada com ovo mexido), que na boca parece um crocante salgado, e finalizado com molhos teriyaki e ajonjolí. Outro prato que não precisa de shoyu e wasabi, reúne sabores impactantes.


Tempura Ko

Para fechar, outra invenção que funciona bem, o “Spicy Guacamole” (truta com chilli, pepino, shoyu e guacamole; COP 17,900), onde o picante do truta harnoniza com o adocicado do guacamole e deixa as papilas gustativas meio perdidas – uma hora é doce, outra é picante, outra surge uma truta, outra aparece o abacate.


Lassi de frutas do bosque (esq) e Spicy Temaki (dir)

Da carta de sucos, lassis e smoothis, eu acho que provei quase tudo. Na verdade, falar “suco” é um pouco errado, são quase todos smoothies, bebidas cremosas e deliciosas. Um aviso importante: tudo é servido estupidamente gelado – se preferir sem gelo, peça claramente ao garçom que quer “natural”.

O que é realmente bom? Dos sucos, a mistura de morango e lichia (COP 6,400), o Ping Pong, de longe meu preferido (uvas tintas, lichia, limão e um pouco de soda; COP 6,600), tamarindo (COP 5,000) e Mango Lush (manga, limonada, maça e um toque de gengibre; COP 6,200). Dos lassis, preparados com iogurte natural, me apaixonei pelas versões de manga e banana (COP 5,600) e frutas do bosque (COP 5,900).


Ping Pong

A carta de sobremesas procura fugir do usual e oferece algumas opções bem interessantes, como o ótimo “Três Leches de Té Verde” (COP 8,200), uma recriação de uma das principais sobremesas da Colômbia, um bolinho molhadinho (como aqueles bolinhos de coco embrulhados em papel alumínio que comíamos na infãncia) pelos “três leches” (leite condensado, creme de leite e leite integral), porém com cor, aroma e gosto de chá verde, acompanhado por frutas vermelhas picadas (morango e framboesa), estrategicamente colocados para não deixar a sobremesa enjoativa.


Três Leches de Té Verde

Para ver os endereços os horários e funcionamento, acesse http://www.wok.com.co/restaurantes.

São Paulo – Da Terrinha

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Polvo grelhado e arroz de pato, servidos no menu degustação

Restaurante que integra o exército de casas portugueses da cidade, oferece clássicos da cozinha portuguesa a preços acessíveis. Posiciona-se como uma típica casa de bairro, focada no público que mora e trabalha no bairro de Moema, um dos redutos paulistanos da boa gastronomia.

A simplicidade do ambiente busca inspiração nas tascas portuguesas, lugares de boa comida e vinho com ar de botequim carioca. As paredes de tijolos na entrada criariam uma atmosfera muito mais intimista se fossem no salão todo. Alguns objetos de decoração remetem à cultura portuguesa, como os exemplares do galo de Barcelos, além de garrafas de azeite e vinho. Completam a atmosfera um janelão na frente do restaurante, que garante a entrada de boa luz natural (e infelizmente um pouco de fumaça de cigarro do pessoal que fuma do lado de fora), e um ar condicionado, providencial para os dias mais quentes.





O cardápio enxuto, inspirado na cozinha do Alentejo, reúne cinco entradas, algumas poucas saladas, sopas e arrozes, além de seis tipos de bacalhau (que servem duas pessoas), uma sardinha e um polvo, todos com preços razoáveis. E só. Para atrair o público da região, oferece na hora do almoço um prato executivo por dia, com preços bem acessíveis (de terça a domingo, na ordem: arroz de bacalhau, tripas à moda do Porto, leitão da bairrada, pataniscas de bacalhau com arroz de tomate, francesinha do Porto e vitela assada),

Uma boa opção para conhecer as especialidades da casa antes de aventurar-se pelo menu a la carte são as quatro opções do menu degustação, cada uma reúne três pequenas porções servidas em charmosas latinhas de sardinha, guarnecidas de fatias de pão. A opção 1 tem dois bolinhos de bacalhau, lula grelhada e bacalhau gratinado com creme (R$ 42); a opção 2 vem com dois pastéis de bacalhau, alheira e bacalhau com natas, gratinado com batatas (R$ 41,70); a opção 3 tem dois pastéis de carne seca, polvo grelhado e arroz de pato (R$ 45); e finalmente a opção 4, com lula grelhada, camarão no vinho e sardinha ao forno (R$ 45).

Abrimos a refeição com uma porção de bolinhos de bacalhau (R$ 9, quatro unidades), que empolgou pouco pelo sabor, embora, diga-se, veio com pouca batata, como manda a regra. Entretanto, o ponto chave para nossa avaliação decepcionante foram as duas espinhas que encontramos – com o devido respeito, bolinho de bacalhau com espinha é uma falha imperdoável. Favor puxar a orelha do cozinheiro que limpa o peixe!


Bolinhos de bacalhau

De pratos principais, decidimos provar as opções 2 e 3 do menu degustação, o que nos permitiu fazer uma avaliação mais ampla dos pratos da casa: pastéis de bacalhau e carne seca, alheira, polvo grelhado, bacalhau com natas e arroz de pato. Em linhas gerais, tudo é simples e bem executado, com bom tempero e sabor. O menu executivo é uma grande sacada para ajudar a popularizar a gastronomia portuguesa, se considerarmos a a relação custo/benefício sem dúvidas vale a pena, entretanto não sei se voltaria para provar os respectivos pratos principais, conheço portugueses que atingem melhores resultados.


Menu degustação - Opção 2 (R$ 41,70)


Menu degustação - Opção 3 (R$ 45)

De tudo o que comemos, os dois itens que nos agradaram mais foram o pastel de carne seca e a alheira, ambos muito saborosos. Por outro lado, o arroz de pato decepcionou um pouco, embora bem servido de uma carne desfiada e bem temperada, o cozimento do arroz estava irregular, seco demais na parte de cima e úmido demais no fundo da latinha, o que o deixou meio empapado.

De sobremesa pedimos um Pastel de Belém (R$ 6), o clássico dos clássicos, onde erros não são permitidos. A versão deles é simples, sequinha, saborosa e sem deslizes que compometam o produto. É uma ótima pedida para fechar a refeição.


Pastel de Belém

Endereço: Alameda dos Aicás, 1501 - Moema
Telefone: +55 (11) 5096-2569
Horário de funcionamento: Terça a sábado das 12hs às 15hs (almoço), sexta e sábado das 19h30 às 23h30 (jantar), domingo e feriados das 12hs às 17hs.
Internet: http://restaurantedaterrinha.com.br/

Bogotá – El Khalifa

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Plato shawarma

Restaurante familiar de cozinha libanesa com oito endereços em Bogotá, sinônimo de pratos fartos, atendimento rápido e bons preços. As casas nos bairros de Chicó (Carrera 11, perto da Calle 88), La Candelaria (Carrera 8, a poucos passos da Plaza Bolivar) e Usaquén (praça de alimentação do Hacienda Santa Barbara) são de fácil acesso para os turistas, já os outros cinco endereços estão concentrados em regiões com forte presença de empresas e sem atrativos turísticos.

Se o Wok foi meu fiel companheiro nos jantares, coube ao El Khalifa da La Candelaria matar minha fome pelo menos uma vez por semana, sendo um poucos restaurantes da região com boa comida, bons preços (entre COP 15,000 e COP 25,000 por um prato) e, mais importante, que aceita cartão, algo raro na região. Sem falar que sempre está com casa cheia, um sinal de que a comida é boa.



IMPORTANTE: Para converter o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

A especialidade da casa são os pratos da cozinha libanesa, entretanto o cardápio oferece algumas opções de “carnes a la parrilla”, mais adequadas aos paladares dos colombianos (combo carne + batata + salada). Todos os principais sabores da terra das “mil e uma noites” estão presentes na carta, como kibe (cru e frito), tabule, hommus, babaganuj, falafel, coalhada, kafta, salada fatouche, charutinhos de uva e repolho - a única coisa que não entendo é porque eles não fazem esfihas!

O ambiente busca criar uma atmosfera árabe, com os tradicionais detalhes arabescos nas paredes e teto, luminárias com mosaicos nos cantos e tapetes nas paredes, sempre com muitas cores vivas. O atendimento é competente, a cozinha trabalha com rapidez. O único porém é que a conta pode demorar um pouquinho - a dica aqui é pagar direto no caixa.


Falafel e hommus de couvert

Antes de aventurar-se pelo cardápio a la carte, vale experimentar os três pratos do menu degustação: “Plato mixto arabe” (arroz com amendôas, kibe, tabule, hommus, babaganuj, falafel, kafta, charutinhos de uva e repolho; COP 24,500), “Plato shawarma” (pedaços de carne bovina e frango preparados no estilo “shawarma”, assadas em em espeto vertical – semelhante ao famoso “churrasquinho grego”; arroz com lentilhas com cebola frita, tabule, hommus e salada fatouche; COP 24,500) e o “Plato vegetariano” (falafel, arroz com lentilhas com cebola frita, tabule, hommus e salada fatouche; COP 21,500).

Os pratos são grandes e matam a fome de uma pessoa que come bem. Todos os itens são bem preparados e temperados como manda a tradição libanesa, chegam à mesa deliciosamente perfurmados. Merecem destaque o ótimo tabule, o cremoso babaganuj, e o saboroso arroz de lentinhas com cebola fritinha por cima.

Os amantes de cordeiro podem pedir a “Chuleta de cordero”, um carré de cordeiro marinado em ervas com arroz de amêndoas e tabule (COP 22,500), embora no dia da visita a carne veio passada além do ponto; e o “Mixto de carnes”, que mistura cubos de cordeiro e carnes bovina e frango preparadas no “shawarma”, batata frita e vegetais grelhados (COP 18,500).


Kebab "Khalifa"



Para quem busca uma refeição mais informal, os espetinhos (COP 18,900), pitas (COP 16,900) e kebabs (COP 15,900) são a opção ideal, bem recheados e com bom preço. Os espetinhos (3 unidades) podem ser de carne ou frango, acompanhados de batata frita e pão árabe.

Meu kebab preferido é o “Khalifa”, que vem com carnes bovina e de frango preparadas no “shawarma”, mais hommus e tabule, tudo enrolado no pão sírio, acompanhado de batata frita e dois molhinhos, de alho e rosé. Outras opções de kebabs são o “Tradicional” (carne e frango, alface, tomate e pimentões assados) e o “Shawarmanji” (carne e frango, milho, mussarela, alface, tomate e pimentões assados).

Entre os pitas, cuja principal diferença dos kekabs é que são servidos abertos (e com mais recheio), estão três opções: “Pollo Mozzarella” (frango preparado no “shawarma”, queijo mussarela, tomate e manjericão), “Griega” (carne moída com especiarias, alface, tomate, pepino e molho de iogurte)  e “3 Carnes” (carne bovina, frango e cordeiro, alface, tomate, pimentões assados, milho e molho de alho), todos acompanhados por fritas.


Limonada encerezada (esq) e lulo con hierbabuena (dir)

Os sucos da casa são deliciosos, servidos em copos de 500ml em formato de tulipa como os da Erdinger (aliás, uma breja iria muito bem neste momento!). As opções de “lulo con hierbabuena” (lulo com menta; COP 4,000) e “limonada encerezada” (limonada com cereja; COP 5,000) são inusitadas para os paladares brasileiros, mas são refrescantes e imperdíveis, já que não levam polpa (algo comum em muitos restaurantes de Bogotá).

Endereços em zonas turísticas:

Centro: Carrera 8A # 11-09
Telefone: +57 (1) 3414795
Horário de funcionamento: Segunda a sábado das 12hs às 18hs

Chicó: Carrera 11 # 88-46
Telefone: +57 (1) 2361374
Horário de funcionamento: Segunda a sábado das 12hs á meia-noite, domingos e feriados das 12hs às 18hs

Usaquén: Hacienda Santa Barbara, Carrera 7 # 115-60 - praça de alimentação zona E, loja 208,
Telefone: +57 (1) 2178070
Horário de funcionamento: Domingo à sexta das 12hs às 20h30, sábado das 12hs às 21hs

30 dias na Itália: Repubblica di San Marino

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É engraçado dizermos que o lugar mais legal que visitamos na nossa viagem pela Itália não faz exatamente parte do território italiano. Localizada na região leste da Emilia-Romagna, cerca de 10 km do Mar Adriático e no alto do Monte Titano, exatos 657 metros acima do nível do mar, a Serenissima Repubblica di San Marino (ou apenas San Marino) é o terceiro menor país da Europa (após o Vaticano e Mônaco) e reivindica ser a república mais antiga do mundo, com o mesmo sistema político desde o século 12. Tem a constituição mais antiga do mundo ainda em exercício, promulgada no ano de 1600, e tem uma das maiores rendas per capita da Europa.

De acordo com a tradição, San Marino foi fundada no ano 301 d.C. por Saint Marinus, um pedreiro nascido na ilha de Rab, Dalmácia (parte da Croácia) e que escalou o Monte Titano para fugir da perseguição contra os cristãos comandada pelo imperador romano Diocleciano, e lá estabeleceu um pequeno povoado cristão.


Visão do vale que circula a Città di San Marino

Em 1291, o Papa Nicolau IV reconheceu a independência de San Marino, reafirmada em 1631 pelo Papa Urbano VIII. Mesmo após Napoleão invadir a península Itálica, em 1797, San Marino rejeitou servir a expansão dos estados papais e com muita diplomacia manteve sua independência. Ao fim das guerras napoleônicas, o Congresso de Viena de 1815 ratificou a independência de San Marino.

San Marino teve um papel importante na independência italiana, quando em 1849 ofereceu refúgio a Giuseppe Garibaldi após tentar expulsar os austríacos, que como retribuição manteve sua soberania sanmarinese após a unificação italiana. Na Primeira Guerra Mundial o país lutou ao lado dos italianos, já na Segunda Guerra se manteve neutro e abrigou cerca de 100 mil refugiados. No entanto, em 1944 foi bombardeado por um avião dos aliados ao combater os alemães em território italiano.


As ruas peatonais da Città são um festival de curvas, ...


... repletas de sobes e desces, monumentos bem conservados e flores, ...


... e que exigem um belo preparo físico!

Como qualquer país, San Marino tem sua própria bandeira, ministérios, corpo consular e forças armadas, até seleção de futebol (embora seja considerada pela FIFA a pior seleção do mundo, que recentemente conquistou um empate após inacreditáveis 67 derrotas seguidas). Apesar de não fazer parte da União Europeia, San Marino utiliza o euro como moeda corrente.

San Marino não tem aeroporto, portanto para chegar é preciso entrar pela Itália, país com o qual divide o mesmo sistema político e idioma (embora chamá-los de “italianos” pode soar um pouco ofensivo – não que eles não gostam dos italianos, são apenas extremamente orgulhosos de sua independência). Para os(as) colecionadores(as) de vistos no passaporte, é só comparecer no Ufficio del Turismo (Contrada Omagnano, 20) e desembolsar €5 por um selinho simpático e um carimbo de entrada no país.


Visão da Rocca Cesta e Via delle Streghe a partir da Rocca Guaita


Visão da Rocca Guaita e Via delle Streghe a partir da Rocca Cesta

Como chegar: O aeroporto mais próximo é o da cidade de Rimini, distante 27 km de San Marino. De trem também não é possível chegar, pois San Marino não possui estação ferroviária. A estação mais próxima também fica em Rimini, de onde sai o ônibus 72 a cada 1 hora e 15 minutos, que sobe até a capital, a Città di San Marino (€6). Por causa das subidas e estradas sinuosas, a viagem dura cerca de 50 minutos. Também é possível chegar de carro, as estradas são tranquilas e bem sinalizadas – entrar em San Marino é o mesmo que entrar em uma cidade italiana qualquer, pois não há controle na fronteira.

Quanto tempo ficar: As principais atrações estão concentradas na Città di San Marino, capital do país e Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2008, cercada por uma muralha de 500 anos repleta de história e de monumentos bem conservados. O ideal é ficar na cidade pelo menos 2 dias, tempo suficiente para conhecer as principais atrações e descobrir as belezas escondidas de uma cidade medieval. Quase toda peatonal, somente em algumas ruas é permitido o tráfego de carros (e somente se eles forem pequenos).


Teleférico que conecta a Città com Borgo Maggiore

O mapa da cidade com a indicação das principais atrações pode ser consultado aqui.

Existem três “portas” que permitem o acesso à cidade muralhada: (1) a Porta di San Francesco (ou “Portal del Loco”), localizada na parte baixa da cidade muralhada e principal entrada para os que chegam de ônibus; (2) para os que estão de carro, é possível subir as vias íngremes e sinuosas até a Porta della Fratta, distante apenas 10 minutos de caminhada da Rocca Guaita (em tempo: ao lado da porta há um bolsão de estacionamento pago). Para os que preferem não encarar as intermináveis curvas da subida, é possível deixar o carro em Borgo Maggiore e subir de teleférico, um passeio de 5 minutos até a estação Stazione Funivia, na parte oeste da Città.


Porta di San Francesco

Chiesa di San Francesco (1361) fica ao lado da Porta di San Francisco e é a mais antiga igreja do país. Após várias restaurações, seu interior foi convertido em estilo neoclássico, e apenas as paredes externas mantêm as características originais. Localizado no antigo claustro do convento franciscano, o Museo San Francesco reúne uma importante galeria de arte e museu de arte sacra com obras dos séculos 14-18.


Chiesa di San Francesco

Nossa primeira parada é na Piazza della Libertà, principal praça da cidade e onde está localizado o Palazzo Pubblico (1894), construído em estilo neogótico e atual sede dos poderes governamentais de San Marino. A fachada é coroada pela torre do relógio é caracterizado por grandes arcos. No topo da torre pode-se notar pinturas de santos católicos. No centro da praça está a Statua della Libertà (1876), representada como um guerreiro que avança ferozmente com uma mão estendida para a frente e com uma bandeira. A cabeça é uma coroa com três torres, representando a cidade murada de San Marino.


Palazzo Pubblico

As torres de San Marino são os cartão postal do país. Construídas voltadas para a parte baixa do país, na costa mais alta do Monte Titano, durante muitos anos elas serviram para vigiar e proteger a cidade dos ataques do Malatesta de Rimini. Atualmente são muito procuradas não apenas pelos amantes de história, mas também por seus mirantes, que em dias com bom tempo permitem enxergar até o Mar Adriático.

A mais antiga das três torres é a Rocca Guaita, erguida no século 11. Fez parte do Castelo de Guaita, que antigamente chegou a ser usado como prisão. É a única torre que tem uma capela, a Cappella di Santa Barbara. Visitá-la custa €3. Mas o grande destaque, sem dúvida, fica por conta da vista. Lá do alto é possível ver praticamente San Marino inteiro e também proporciona ótimas fotos da segunda torre que visitamos.


Rocca Guaita

A Rocca Cesta (século 13) é a segunda torre de proteção, localizada no ponto mais alto do Monte Titano (756 metros de altura), erguida aproveitando as ruínas de uma antiga fortaleza italiana. Também é possível visitá-la (€4,50). Pra quem gosta de armas antigas, essa torre é sede do Museo delle Armi Antiche Di San Marino, com cerca de 2000 exemplares entre armas, armaduras, espadas e punhais dos séculos 16-18.

O trajeto entre estas duas torres é feito pela Via delle Streghe (Via das Bruxas), uma sequência de degraus construídos sobre as muralhas da cidade, que invariavelmente lembram uma mini-muralha da China, seguido pela Salita alla Cesta, uma rampa que exige, além de um bom preparo físico, um bom tênis com solado anti-derrapante, pois as pedras são bem escorregadias.


Salita alla Cesta


Queria muito saber como esta árvore foi parar aí!

A terceira e última torre é a Rocca Montale (século 14), que fica bem afastada da Rocca Cesta (cerca de 20 minutos de caminhada). Para chegar, siga pela Salita al Montale, uma estradinha pavimentada que passa no meio de uma floresta e que intercala rampas e escadas. Diz a lenda que a torre tinha um sino, usado pra alertar a população de possíveis ataques dos inimigos. Também foi usada como prisão, localizada seis metros de profundidade. Pode ser vista por fora, porém é a única das três torres que não pode ser visitada por dentro.




Salita al Montale

Nosso próximo destino foi a Basilica di San Marino (1838), principal igreja do país, localizada na Piazza Domus Plebis e erguida em estilo neoclássico no mesmo local de uma antiga igreja românica do século 7 (e que sucedeu outra, do século 4). A fachada frontal tem seis colunas coríntias, já o o interior é dividido em três naves com 16 colunas coríntias e sete altares que formam uma grande ambulatorial em torno da abside semicircular. O altar é adornado por uma estátua de São Marino feita por Adam Tadolini, cercada por relíquias do santo encontradas em 1586. A torre do relógio foi reconstruída no século 17.

Ao lado da basílica está a Chiesetta di San Pietro (século 16), acessada através de uma escada na torre do sino. Na cripta há dois nichos que, tradicionalmente, eram as camas de San Marino e San Leo. Em 1849, a igreja abrigou Giuseppe Garibaldi após a queda da República Romana.


Basílica di San Marino (esq) e Chiesetta di San Francesco (dir)

O imponente Teatro Titano (1777) é usado para espetáculos de música clássica, composto por três níveis de assentos, com poltronas do térreo e dois balcões superiores em formato de “U”. No centro da primeira linha está o “Palco della Reggenza”, área exclusiva para acomodar os Chefes de Estado e Governo. O palco está decorado com figuras em relevo que contam a história da República desde as suas origens, já a cúpula tem brasões dos castelos de San Marino.

Além das imperdíveis atrações históricas, San Marino reúne alguns museus um tanto curiosos, como o “Museo delle Cere” (mais de 100 personagens; Via Lapicidi Marini, 17; €7), “Museo della Tortura” (mais de 100 dispositivos dos séculos 16 e 17; Lato Porta San Francesco; €8), “Museo delle Curiosità” (Salita alla Rocca, 26; €7,50), “Museo delle Armi Moderne” (mais de 2 mil armas de fogo das duas Guerras Mundiais; Contrada della Pieve, 2; €3), “Maranello Rosso Collezione” (são dois museus, o primeiro reúne 25 modelos Ferrari e o segundo abriga 40 modelos Abarth; €12 cada museu) e “Museo dei Vampiri e Licantropi” (para os fãs de vampiros e lobisomens; Contrada Dei Magazzeni; €8).

Mesmo sendo um museu medieval a céu aberto, para muitos a principal atração de San Marino são as compras, já que o lugar é famoso por ser “tax free” para estrangeiros, uma forma de “estimular o turismo” (como se precisasse). O desconto de 17% do IVA é dado diretamente pelas lojas, sem nenhuma burocracia, sem filas intermináveis no aeroporto, apenas apresentando o passaporte. Portanto, os preços dos produtos em San Marino são mais baratos que os vendidos na Itália. Outra coisa interessante de observar são lojas que vendem armas de todos os calibres, além de espadas – em San Marino o porte de armas é liberado.

Onde comer:
San Marino – Ritrovo del Lavoratori

Filetto Al Ferri Depois da boa refeição no Nido del Falco e da decepção no La Fratta, escolher o restaurante para nossa última refeição na Città foi difícil. Não queríamos repetir o Nido, mas ao mesmo tempo não queríamos outra refeição ruim. Novamente usamos as redes sociais para descobrir o Ritrovo del Lavoratori, um restaurante escondido na parte baixa do Centro Histórico. Entramos receosos e saímos quase rolando! O ambiente é bonito, um janelão...

San Marino – Ristorante Nido del Falco

Tagliatelle Porcini O Centro Histórico de San Marino reúne boa quantidade de restaurantes, mas o grande fluxo de turistas faz da tarefa de fugir dos “pega-turistas” e encontrar uma comida tipicamente local uma tarefa bastante difícil. Neste quesito, sites como Tripadvisor ajudam pouco, para não dizer que mais confundem do que atrapalham. Aqui vale a antiga receita: passe na frente, olhe o cardápio, sinta o ambiente do salão, observe o atendimento...

Lisboa – Estádio da Luz e Museu Benfica “Cosme Damião”

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Construído para a UEFA Euro de 2004, o Estádio da Luz é o maior estádio de Portugal, com capacidade para 65.647 espectadores, todos confortavelmente sentados. Estádio classificado pela UEFA com “categoria quatro” (equivalente à antiga classificação “cinco estrelas” da FIFA, pré-requisito para receber finais da Champions League e UEFA Europa League), foi palco das finais da Euro de 2004 (Portugal 0-1 Grécia) e da UEFA Champions League de 2013-14 (Real Madrid 4-1 Atlético de Madrid).

Em tempo: a lista completa de estádios classificados pela UEFA como “categoria quatro” pode ser consultada em http://www.worldstadiumdatabase.com/list-of-uefa-category-4-stadiums.htm.

Localizado na região norte da cidade e facilmente acessado por metrô, o estádio é a casa do Sport Lisboa e Benfica, clube mais vitorioso do futebol nacional, com 33 Campeonatos Nacionais, 28 Taças de Portugal e 5 Supertaças. No cenário europeu, são 34 participações na UEFA Champions League (atrás apenas doReal Madrid, presente em 45 edições), com 2 títulos (1960-61 e 1961-62) e outras 5 finais (1962-63, 1964-65, 1967-68, 1987-88 e 1989-90).


Tradicional estátua de Eusébio, localizada na avenida que liga o estádio ao museu, cercada de faixas e bandeiras dos principais times da Europa e mundo, uma homenagem ao ídolo que morreu em 2014


As duas peças mais valiosas do museu: troféus de campeão europeu em 1960-61 e 1961-62

A história do clube começa em 1904 com a fundação do “Sport Lisboa” por um grupo de 24 ex-alunos da Real Casa Pia de Lisboa nos fundos da Farmácia Franco, na zona de Belém, local que nos primeiros anos foi também sede improvisada do clube. Os primeiros jogos foram disputados nos terrenos públicos das Terras do Desembargador e em terrenos livres da CP (Caminhos-de-Ferro de Portugal).


Uma das únicas fotos que reúne os 24 fundadores do Benfica, 1904

As cores escolhidas para o primeiro uniforme foram o vermelho e branco, o escudo foi criado com base na imagem de uma bola de futebol, por razões óbvias, e uma águia (mascote do clube), simbolizando a “elevação da dimensão” do clube, seja lá o que isso significa. Como divisa, foi escolhida a frase em latim "E Pluribus Unum" (que também é o lema nacional dos Estados Unidos), a qual pode ser traduzida como “de muitos, um”.


Água do Benfica, presente na entrada principal do estádio

Em 1906 surgem os primeiros problemas com o campo: a CP proibe a prática do futebol nas suas propriedades, e os terrenos do Desembargador eram públicos, portanto qualquer um podia entrar no campo; quando a bola saía do campo, dava um trabalhão recuperá-la; e também eram frequentemente utilizados para exercícios militares do Regimento de Cavalaria, que deixavam o campo em mau estado. Com as dificuldades de arrumar um “campo próprio” vieram as dificuldades financeiras, e muitos jogadores decidem mudar para um clube da elite lisboeta recém criado na região de Campo Grande, chamado “Sporting de Portugal”.

Sim, daí começa a grande rivalidade que conhecemos – para quem acha que o maior rival do Benfica é o Porto, saiba que o “derby” entre Benfica e Sporting, chamado em Portugal de “Clássico dos Clássicos”, é o mais importante do país.


Passado e presente: à esquerda, convocação para um jogo em 1905, em papel timbrado da Farmácia Franco; à direita, troféu do 33° Campeonato Nacional, conquistado na temporada 2013-2014

Outro clube fundado em 1906 foi o “Sport Clube de Benfica”, dedicado a algumas modalidades, especialmente o ciclismo, do qual também eram sócios alguns dos fundadores do Sport Lisboa, entre eles Cosme Damião. Em 1908 os dois clubes decidem juntar forças - o Sport Lisboa tinha torcedores, e o Sport Clube de Benfica tinha um belo estádio, embora arrendado. Desta fusão nasceu o “Sport Lisboa e Benfica”, nome usado até hoje.

Além da mudança de nome, os dois escudos foram mesclados – o desenho final manteve o emblema do Sport Lisboa, com a introdução de uma roda de bicicleta, tal como podemos observar ainda hoje (o ciclismo sempre foi a segunda força do clube, até ser extinto em 2008). O novo clube manteve o foco no futebol, mas passou também a ser multidisciplinar, apostando em outros desportos.


Os escudos do Sport Lisboa (acima, esq) e Sport Clube de Benfica (acima, dir), clubes unidos em 1906 para formar o Sport Clube de Benfica

A década de 1950 é considerada uma das mais importantes na história do clube, com a conquista da Copa Latina em 1950 e o vice em 1957, competição considerada predecessora da Taça dos Campeões Europeus, mais tarde substituída pela UEFA Champions League; a construção do Estádio da Luz, inicialmente para 40 mil lugares, em 1954; e a chegada de Otto Glória, treinador brasileiro reconhecido por ter revolucionado e profissionalizado o futebol do Benfica.

Para os amantes do futebol, falar de Benfica é falar de Eusébio, ídolo máximo do clube e jogador mais importante do futebol português. Nas décadas de 1960-70 o “Pantera Negra” defendeu as cores do Benfica por 15 anos, onde conquistou 16 títulos nacionais (entre Campeonato e Taça), 1 título europeu (além de levar o time a outras 3 finais) e marcou 638 gols em 614 jogos disputados, uma marca impressionante. Pela seleção, foi o artilheiro da Copa de 1966, a melhor da história de Portugal. Em toda a carreira marcou 733 gols em 745 jogos.


Objetos pessoais de Eusébio, incluindo um presente de Bobby Charlton na Copa de 1966


Premiações individuais de Eusébio; duas Botas de Ouro, sete Bolas de Prata e uma Bola de Ouro

Para quem não sabe, o Benfica tem o segundo maior número de sócios do planeta – são 235 mil associados, atrás apenas dos 251 mil do Bayern München (apenas para constar, o maior clube brasileiro em número de sócios é o Internacional-RS, com 122 mil associados). Segundo a UEFA, o Benfica é o clube europeu com maior percentual de seguidores dentro do mesmo país, reunindo 47% do total de torcedores portugueses.

Assistir um jogo no moderno Estádio da Luz reúne duas emoções: a primeira é assistir o espetacúlo da torcida “Benfiquista”, que canta e vibra com o “Glorioso” (como é popularmente chamado o clube) durante os 90 minutos da partida, não importa o placar. A outra acontece antes do início de cada partida, quando uma das duas águias do clube, chamadas “Vitória” e “Gloriosa”, sobrevoa o estádio para dar sorte ao time.


Estádio da Luz


Estádio da Luz

O Benfica oferece um tour guiado pelas principais instalações do Estádio da Luz (adultos: €10 só estádio, €15 estádio + museu; menores entre 4-17 anos: €4 e €6, respectivamente; maiores de 65 anos: €6 e €10; famílias: €20 e €34), passando pela tribuna VIP, vestiário do time visitante, sala de imprensa, túnel de acesso ao gramado, banco de reservas e gramado, terminando na lojinha do clube.

O estádio é bonito, moderno e imponente, mas o Museu Benfica Cosme Damião é a jóia da coroa. “Só pode haver futuro se cuidarmos do nosso passado”, a frase na entrada ilustra bem o propósito do espaço inaugurado em 2013 que leva o nome de um dos fundadores do clube e técnico que mais esteve à frente da equipe (18 temporadas), dividido em três andares e com 29 seções temáticas que reúnem mais de mil objetos (o acervo total tem mais de 30 mil objetos) não apenas de futebol, mas das mais de 20 modalidades que o clube disputa (ou já disputou) profissionalmente, de atletismo a xadrez, de golfe a vela, de judô a rugby.


Torre de troféus que ocupa os três andares do museu


Painel com todos os troféus conquistados em 2014, em todas as categorias

Além dos troféus, documentos antigos e vasta memorabilia (uniformes, bolas, flâmulas, objetos pessoais dos jogadores e outros recebidos pelo clube nas inúmeras viagens realizadas), o museu propõe uma viagem pelos 110 anos de história do clube, contados em registros históricos de áudio, vídeo e fotos que passam pelos oito estádios usados pelo clube desde 1904 (Terras do Desembargador, Campo da Feiteira, Campo de Sete Rios, Campo do Benfica,  Estádio das Amoreiras, Estádio do Campo Grande, Estádio da Luz e Novo Estádio da Luz), partidas realizadas, perfil e números dos jogadores, treinadores e presidentes que passaram pelo clube.


Parte da ala dedicada aos jogadores estrangeiros


Painel com perfil e estatísticas dos principais ídolos da história do clube - são mais de 60 jogadores homenageados, entre eles o mestre Eusébio e o goleiro belga Preud'homme

Destaques para a seção dedicada ao mestre Eusébio, o maior ídolo da história do clube, com fotos raras e objetos pessoais do craque (incluindo as premiações individuais, como as duas Botas de Ouro, as sete Bolas de Prata e a única Bola de Ouro); a ala que relembra os principais jogadores que vestiram a camisa do “Glorioso” e a dedicada aos estrangeiros; o espaço dedicado aos torcedores; um enorme paralelepípedo vertical envidraçado que ocupa os três andares do prédio e que reúne mais de 500 taças; e um amplo corredor em forma de linha do tempo que traça um paralelo entre as conquistas do clube e os acontecimentos históricos em Portugal, na Europa e no Mundo.


Alguns dos objetos recebidos pelo Benfica em viagens pelo exterior, desde as tradicionais flâmulas, troféus estilosos e até um imponente dente de elefante, presente de Angola nos anos 1960



Para muitos, a cereja do bolo é a chance de conhecer uma das águias do clube bem de pertinho, e até bater uma foto com ela (€8). Se ela não estiver no museu, é só correr até a lojinha do clube (todos os dias, das 11hs às 14h30 e das 18hs às 20hs), embora às vezes a atração possa ser cancelada sem aviso prévio, principalmente se o bichinho fica estressado ou cansado.


Linha do tempo que traça um paralelo entre as conquistas do clube e os acontecimentos históricos em Portugal, na Europa e no Mundo


Entre as principais pessoas e acontecimentos retratados no museu, estão Oscar Niemeyer (2012), a Revolução dos Cravos (1974), o incêndio no centro de Lisboa (1988) e o acidente que vitimou todo o time do Torino, no voo de retorno à Turim após uma partida contra o Benfica (1949)

O álbum completo de fotos do Estádio da Luz e Museu Benfica “Cosme Damião” está disponível na página do Viajante Comilão no Facebook.

Endereço: Avenida General Norton de Matos, 1500. Para chegar, use a estação “Alto dos Moinhos” da Linha Azul do Metropolitano, mas também é possível acessar o estádio pela estação “Colégio Militar”, onde fica o imperdível Centro Comercial Colombo.

Horários de funcionamento:
- Tour: Todos os dias das 10hs às 17hs (fechado em dias de jogos). O ponto de partida do tour é o portão 18;
- Museu: Todos os dias das 10hs às 18hs (em dias de jogos fecha no horário de início da partida).

Mais informações sobre o Tour e o Museu: http://www.slbenfica.pt/pt-pt/estadio/visitas.aspx e http://www.slbenfica.pt/pt-pt/museu/home.aspx, ou pelo email visitasestadio@slbenfica.pt.

Outros links de interesse:
http://www.slbenfica.pt/Portals/0/Images/brochuras/visitas/visitas/sitePT/index.html
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/06/estadio-da-luz.html
http://www.cbenfica.com/estadios.html
http://www.slbenfica.pt/pt-pt/estadio/estadiosanteriores/historiadosestadios.aspx
http://www.cbenfica.com/historia.html

Bogotá – Trattoria Nuraghe (La Candelaria)

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Linguine al Ragú

Um dos achados e preciosidades de La Candelaria. Embora seja um restaurante bem avaliado no TripAdvisor, muitos podem ficar com um pé atrás e achar que a região central de Bogotá, imperdível pelas inúmeras atrações turísticas, não reúna bons restaurantes. Não poderiam estar mais enganados.

É verdade que exemplos como o Nuraghe, La Tartine e Cuban Jazz Café (falarei sobre os dois últimos em posts futuros) são poucos se avaliarmos outras zonas gastronômicas de Bogotá, entretanto no quesito qualidade a região não perde para nenhuma outra da cidade. Já se avaliamos o fator preço, a região ganha notoriedade, já que os restaurantes não podem cobrar preços equivalentes aos de Usaquén, Zona G, Zona T, Parque de la 93. Isso qualifica os restaurantes de La Candelaria, na opinião deste blog, como os melhores custo/benefício de Bogotá.







Por trabalhar cerca de duas quadras do restaurante, tive a opotunidade de visitar a casa da família Mamberti algumas vezes e provar vários pratos da carta. Os donos (irmão, irmã e mãe) são italianos da Sardegna – não faço a menor idéia do porque diabos eles escolheram Bogotá para viver, mas sua gastronomia italiana feita com coração contribui para colocar o nível gastronômico da região em outro patamar.

É verdade que a oferta de casas italianas em Bogotá não chega nem perto da encontrada em São Paulo, mas garanto que você não encontrará outro italiano na cidade com o ponto da massa tão genuinamente “al dente”, como manda a tradição da Terra da Bota. Os pratos são fartos, com boa quantidade de massa e molho generoso (o almoço do colombiano é sempre bem servido), e em geral dão conta do recado sozinhos, sem precisar de uma entrada – a exceção são os raviolis, um pouco pequenos; neste caso, uma entrada ou uma sobremesa são ideais para fechar a fatura.


Focaccia de entrada

Além do pessoal que trabalha na região, o restaurante é frequentado por vários italianos (sim, Bogotá tem sua comunidade), o que mostra um pouco do respeito às tradições. Dividido em “antipasti” (entradas), “primi” (massas ou saladas) e “secondi” (carnes e pescados), como um autêntico restaurante italiano, o cardápio reúne pratos de várias regiões da Itália, além de algumas criações (em sua maioria pouco tradicionais, diga-se) do chef. Os preços variam entre COP 10,000 e COP 39,000 para os antipasti, COP 15,000 e COP 22,000 para os primi, e entre COP 18,000 e COP 29,500 para os secondi.

Para os donos o lugar é mais do que um restaurante, é um pedaço da própria casa onde recebem amigos queridos para uma refeição típica italiana, regada a boa comida, vinho e boa conversa. Este é o espírito do lugar. A irmã cuida do salão e recebe os clientes, o irmão é o chef e responsável pelo cardápio, e a “mama”, a única da família que não fala uma palavra de espanhol, cuida do caixa. O ambiente é aconchegante, a luz baixa, as paredes finamente decoradas com objetos que remetem à Itália, o teto com as vigas de madeira expostas, a parede decorada com garrafas de vinhos, azeites e acetos balsâmicos, o som ambiente em volume bem baixinho. Tudo é pensado para que os clientes tenham uma grande experiência gastronômica.


Zucchine e Gamberetti Picante

As massas (penne, linguine, bucatini e fettuccine) são importadas da Itália por um distribuidor local, assim como o molho de tomates (o autêntico San Marzano da Sicília, tido como o melhor do mundo), os azeites e acetos balsâmicos. O quarteto também está disponível na pequena rotisserie da casa, por preços realmente interessantes. Os raviolis e sobremesas são feitos por um fornecedor local, os ragus e molhos (exceto sugo) são preparados na própria cozinha.

Como na Itália, nem tente pedir um prato de carne COM massa, para o italiano são dois pratos diferentes – peça um “primi” e um “secondi” e faça sua própria combinação. Outra coisa que não rola: pedir queijo parmesão em pratos com peixes e frutos do mar, para eles uma verdadeira ofensa (embora um belo spaghetti com pesto e camarões fica ótimo com um pouco de parmesão em cima - #prontofalei).


Ravioli Agnello

Enquanto esperamos os pratos, o garçom trará à mesa uma cestinha com pedaços de focaccia cheirosa e deliciosa, com um toque de molho de tomates, ervas e sal grosso, uma gentileza da casa (sem custo), e que ainda pode ser repetida para acompanhar o prato principal.

Na lista de entradas, o “Zucchine e Gamberetti Picante” (camarão e abobrinha refogados em azeite e alho, finalizados com pimenta do reino e ají amarillo; COP 16,000) eleva imediatamente às expectativas – a combinação dos camarões preparados no ponto perfeito, da abobrinha cortada em palitos e dos temperos gera uma explosão de sabores na boca. Para compartilhar e repetir várias vezes.


Ravioli Ricotta e Spinaci

Dos pratos principais, dois brilham e merecem juras de amor: o fantástico “Ravioli Agnello”, pequenos raviolis recheados com cordeiro, finalizados com molho à base de manteiga e alecrim, com um toque de parmesão (COP 20,000). Sem dúvidas, o melhor prato que comi em Bogotá até agora. O segundo prato é o “Linguine al Ragú” (COP 17,000), o clássico dos clássicos: carne moída grossa, molho à base de tomates frescos, com bastante parmesão por cima. Opção ideal para quem busca algo tradicional e excepcional.

Se por um lado o Ravioli Agnello e o Linguine al Ragú atingem um nível de excelência, alguns (poucos, diga-se) pratos da carta escorregam, não na execução, mas sim na concepção. O primeiro é o “Fettuccine Quattro Formaggi” (que na verdade são 5 queijos: gorgonzola, queijo de cabra, pecorino, ricota e scamorza defumada; COP 19,000), que comete o pecado de misturar os “imisturáveis” gorgonzola e ricota, resultando um prato com bastante recheio, porém aguado e com pouco sabor; o outro é o “Linguine Acciughe e Gamberetti” (COP 20,000), que acerta no molho ao pesto com boa presença de aliche, entretanto a presença do repolho roxo (???) em abundância literalmente estraga o prato.


Linguine Acciughe e Gamberetti

Outros dois pratos de massas que provamos e cumpriram bem seu papel foram o “Fettuccine Costa Rei” (COP 22,000), embora o intenso molho de alcachofra com queijo pecorino não harmonizou tão bem com os pedaços de salmão grelhado; e o leve “Ravioli Ricotta e Spinaci” (COP 18,000), com recheio de ricota e espinafre, servido com molho ao sugo, manjericão e parmesão.


Fettuccine Costa Rei

Entre as carnes, o único prato que provamos até agora foi o “Salsicciotto e Provoletta” (COP 21,000), um chorizo cortado na horizontal com um toque de rúcula e queijo provolone derretido por cima. Como todos os pratos do menu “secondi”, pode ser acompanhado por uma salada, purê de batatas ou cogumelos com ají amarillo e salsinha. O chorizo é saboroso, carne tenra e levemente picante, quase zero de gordura, apenas achei a pele um pouco indigesta, mas é só tirá-la e ir para o abraço. Se for pedir um “primi” para acompanhar, vá de cogumelos, deliciosos e levemente picantes.

Além dos vinhos (falarei deles no próximo parágrafo), a carta de bebidas tem refrigerantes, cervejas e sodas italianas – com a recente mudança para um espaço com o dobro de tamanho, eles passarão a oferecer sucos naturais, mas ainda não estão na carta.


Salsicciotto e Provoletta, acompanhado de cogumelos com ají amarillo e salsinha

A carta de vinhos é toda italiana e reúne uma boa seleção de rótulos de várias regiões do país (destaques para os vinhos de Chianti, Montalcino e Puglia) com boa qualidade e ótimos preços – é possível degustar uma garrafa de tinto entre COP 45,000 (Sangiovese, 2012) e COP 105,000 (IGT 2007 da Toscana), entretanto a oferta de vinhos em meia-garrafa (preços entre COP 22,000 e COP 24,000) e vinhos por taça (COP 9,000) é bem mais tentadora, como o belo Sangiovese 2012 da Banfi (COP 24,000), vindo direto de Montalcino, com boa presença de fruta no nariz, pouca madeira, acidez equilibrada e final médio, combinação perfeita para os pratos à base de ragú.


Torta Perfetta di Cioccolato

Não, não esqueci das sobremesas, e aqui elas merecem uma atenção especial. É verdade que são apenas três opções, mas sair de lá sem provar a “Torta Perfetta di Cioccolato” (torta de chocolate amargo coberta com ganache de chocolate; COP 8,500) é um pecado imperdoável: deliciosa, macia, repleta de chocolate, os(as) chocólatras de plantão vão surtar! Outra opção que atinge um ótimo resultado é a tradicional “Panna Cotta” (COP 7,500), servida com uma ótima calda de frutas vernelhas por cima.


Panna Cotta

Importante dizer que, após a recente mudança de endereço, eles estão sem cartão de crédito, problema que deve levar alguns meses para ser regularizado (sim, o sistema financeiro Colombiano é beeeeeem eficiente). Se pensar em ir lá, leve dinheiro.

Endereço: Calle 12B # 6-58, Piso 2
Telefone: +57 (1) 3414457
Horário de funcionamento: Terça a sábado das 12hs às 18hs, domingo das 12hs às 16hs, fechado segunda e feriados
Internet: http://www.trattorianuraghe.com/

Turismo em Praga: Cidade Velha (Old Town, Staré Město)

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Relógio Astronômico (Astronomical Clock, Pražský orloj)

Centro antigo onde Praga nasceu na Idade Média e um dos bairros históricos mais bonitos da Europa. Ainda é possível ver os vestígios dos antigos caminhos comerciais do século X que bordeavam o rio e desembocavam em seus pontos de cruzamento quando ainda não havia nenhuma ponte ligando os dois lados do Rio Moldava. Entre os séculos 11 e 12 foram construídas diversas igrejas, as quais testemunhavam a existência de uma certa estrutura urbana que era completada com algumas casas fortificadas e rotundas espalhadas pela cidade.

Região de comerciantes e da burguesia, a Cidade Velha obteve sua independência em 1338, e teve jurisdição autônoma até 1784, quando as até então quatro cidades históricas de Praga (Cidade Velha, Bairro Pequeno, Bairro do Castelo e Cidade Nova) foram agrupadas. Seu traçado irregular de pequenas ruas, passagens, pátios e praças pitorescas é um verdadeiro labirinto, que abriga a maioria dos prédios históricos, igrejas e museus da cidade, além de lojas, bares e restaurantes.


Praça da Cidade Velha: Igreja de São Nicolau (esq), Torre da Antiga Prefeitura (centro) e Igreja de Nossa Senhora diante de Týn (dir)

O bairro conserva sua estrutura e atmosfera medieval, mas é possível encontrar diferentes estilos arquitetônicos, como as muitas fachadas barrocas que frequentemente escondem muros e sótãos romanos ou góticos. O coração do bairro, situado inicialmente na atual “Praça Pequena” (Malé náměstí), foi deslocando-se com o tempo até a Praça da Cidade Velha.

Como chegar:
- Bonde: Números 17 ou 18, parada “Karlové Lázně” ou “Staroměstská”; ou números 8, 14 ou 26, parada “Náměstí Republiky”
- Metrô: Linha A (verde), estação “Staroměstská”, ou linha B (amarela), estação Náměstí Republiky.


Mapa da Cidade Velha. Crédito pela imagem: PlanetWare

O que visitar?

- Torre de Pólvora (Powder Tower, Prašná brána)



Porta de entrada da Cidade Velha, erguida no século 11 como um dos 13 portões defensivos da cidade de Praga, é uma das poucas construções remanescentes das fortificações que cercavam a cidade. Com 65 metros de altura, a construção em estilo gótico que vemos hoje teve início em 1475, por ordem do rei Vladislav II. Inaugurada como o nome de Torre Nova, por esta porta entravam as rotas comerciais procedentes de Kutná Hora, Bohemia Oriental, Polonia e Báltico.

Quando a construção começou, ela estava conectada ao palácio real, porém em 1485, antes de sua conclusão, o rei transferiu sua residência para o Castelo de Praga. A torre permaneceu inacabada até 1592, quando uma nova entrada e escadaria em espiral foram construídos. Teve grande importância até 1836, pois os monarcas passavam por ela em direção à Catedral de São Vito para a cerimônias de coroação.

Depois que o rei Carlos IV estabeleceu a Cidade Nova, em 1348, a fortificação em torno da Cidade Velha já não era de importância. Como a cidade cresceu além de suas antigas muralhas, a torre foi gradualmente perdendo importância (exceto em raras ocasiões em que um novo rei estava sendo coroado). Por volta do século 17, foi usada como armazém de pólvora (daí o nome atual). Severamente danificada em 1757, quando Praga foi ocupada pelos prussianos, foi restaurada entre 1870 e 1880. Na década de 1990 a Torre da Pólvora, como muitos outros edifícios históricos em Praga, foi reformada. O exterior é adornado com relevos de brasões e várias estátuas que embelezam as fachadas leste e oeste.

Hoje, a torre delimita o fim da Cidade Velha e é um destino muito visitado por historiadores e turistas. Uma escada de 186 degraus conduz os visitantes à uma plataforma de 44 metros que possibilita uma bela vista da cidade de Praga. Aproveite para visitar a exposição permanente sobre as Torres de Praga, que apresenta fotografias de Ladislav Sitensky e documentos sobre as 13 torres originais.

Horário de funcionamento:Todos os dias das 10s às 18hs (Novembro a Fevereiro), 20hs (Outubro a Março) ou 22hs (Abril a Setembro)
Quanto custa: 90 CZK para adultos, 65 CZK para menores entre 6-16 anos e maiores de 65 anos

- Casa Municipal (Municipal House, Obecní dům)


Crédito pela foto: DevianArt

O edifício em estilo Art Nouveau mais conhecido de Praga foi construído entre 1906 e 1912 no local do antigo Palácio Tribunal Real, onde os reis da Boêmia residiram entre 1383 até 1485, ao lado da Torre de Pólvora.

Após a mudança da residência real para o Castelo de Praga, o edifício foi usado como seminário, quartel e colégio militar, antes de ser pouco a pouco abandonado e demolido em 1902 para a construção do centro cultural, onde se ofereciam atividades culturais acessíveis a todos e no qual celebra-se o prestígio da cidade, além de ser ponto de encontro por excelência da sociedade de Praga, com imponentes salas de concertos e exposições.

O estilo Art Nouveau não foi escolhido por acaso, apesar de ser considerado fora de moda no início do século 20. Esta época assistiu o triunfo das artes decorativas em toda a Europa, por isso uma geração de artistas – arquitetos, escultores, pintores, mosaístas, estucadores, ebanistas, vidreiros – uniram seus talentos para criar uma obra maestra com uma decoração impressionante.


Smetana Hall: http://cz.prague-stay.com/lifestyle/clanek/175-obecni-dum/
Café: http://www.prague.eu/en/object/places/563/municipal-house-smetana-hall

É ponto de parada obrigatório para admiradores do estilo Art Nouveau, pelos acabamentos em ouro, vitrais, esculturas, exposições e concertos regulares. A fachada monumental da entrada principal ressalta um mosaico alegórico da ''A apoteosis de Praga'', e o interior é decorado com obras de artistas checos eminentes da primeira década do século.

Visite o prestigioso café, completamente renovado, e o famoso restaurante francês cujas escadas são compostas de cerâmicas que evocam à antiga cidade de Praga, o sótão onde está a cervejaria Pilsen (Plzenska Restaurace) apreciada pelo seu encanto bucólico e bar amerciano. Também é possível fazer uma visita guiada, que passa por algumas salas normalmente fechadas para o público e subir no piso superior.

A sala de concertos Smetana Hall, com capacidade para 1300 pessoas, é o espaço mais importante do local, casa da Orquestra Sinfônica de Praga e sede anual do Festival da Primavera de Praga.

Em 28/10/1918 a Casa Municipal foi o local onde foi proclamada a independência da Checoslováquia.

Endereço: Náměstí Republiky 5
Para informações sobre a agenda de eventos e concertos, acesse o site http://www.obecnidum.cz.

- Praça da Cidade Velha (Old Town Square, Staroměstské náměstí)

A Praça da Cidade Velha está localizada bem no coração do centro antigo e é considerada o principal ponto de encontro da cidade. A história da praça remonta o período românico, quando ela servia de espaço comercial. Repleta de construções coloridas em estilos arquitetônicos distintos, possui alguns dos edifícios mais antigos do país, entre eles a Torre da Antiga Prefeitura (Old Town Hall, Staroměstská radnice) de estilo medieval com seu Relógio Astronômico (Astronomical Clock, Pražský orloj), a Igreja de Nossa Senhora diante de Týn (Church of Our Lady before Týn, Chrám Matky Boží před Týnem), de estilo gótico, e a Igreja de São Nicolau (Saint Nicolas Church, Chrám Svatého Mikuláše), de estilo barroco.


Praça da Cidade Velha com a Igreja Nossa Senhora diante de Týn ao fundo

No centro da praça está o memorial de bronze em homenagem a Jan Hus (1915), reformista tcheco excomungado pelo papa e queimado por heresia em 1415. Sua morte disparou um levante, as Guerras Hussitas. Cinco séculos mais tarde, ele é considerado um símbolo da independência nacional.


Palácio Goltz-Kinsky

A superfície de pedra polida da praça já recebeu séculos de tráfego de pedestres e testemunhou diversos eventos da história tcheca. Um memorial com 27 cruzes brancas marcadas nas pedras em frente à Prefeitura, cada uma representa um chefe de rebelião decapitado após a derrota das tropas tchecas na Batalha da Montanha Branca em 1621, em resposta às sucessivas tentativas de independência do poder dos Habsburgos (a torre da Prefeitura chegou a ser usada como prisão).


Praça da Cidade Velha com a "Casa Esgrafitada do Minuto" em destaque

Adquira alguns presentes ou produtos locais nos mercados sazonais instalados da praça quase o ano todo. Os mais importantes são os mercados de Natal e Páscoa, mantidos por três semanas no período que antecede ambos os feriados.

Para saber os nomes de TODOS os edifícios da Praça da Cidade Velha, acesse o seguinte link (sorry, apenas em tcheco):
http://stratil.blog.idnes.cz/c/404184/Jake-nesou-nazvy-domy-Staromestskeho-namesti.html


Estátua de Jan Hus com as Casa Schier (Schier´s House, Schierův dům) e Seguradora Municipal de Praga (Prague Municipal Insurance, Pražská městská pojišťovna) ao fundo

Além dos quatro edifícios que destaquei no primeiro parágrafo, recomendo outros que são imperdíveis (os números são os mesmos indicados no link acima):

1) Casa do Chifre Dourado (House of the Golden Horn, Dům U Zlatého rohu), datada de 1404
2) Casa Esgrafitada do Minuto (House U Minutes, Dům U Minuty), do século 15
7) Casa Schier (Schier´s House, Schierův dům)
8) Seguradora Municipal de Praga (Prague Municipal Insurance, Pražská městská pojišťovna)
12) Palácio Goltz-Kinsky (Kinský Palace, Palác Kinských), usado como museu de arte da National Galley de Praga
13) Casa do Sino de Pedra (Stone Bell House, Dum u Kamenného Zvonu)
14) Escola Týnská (Týnská school, Týnská škola)
15) Casa do Unicórnio Dourado (House of the Golden Unicorn, Dům U Zlatého jednorožce)
16) Casa Storch (Štorchův house, Štorchův dům), datada de 1896-97, com sua imagem da Virgem Maria.

- Igreja Nossa Senhora diante de Týn (Church of Our Lady before Týn, Chrám Matky Boží před Týnem)



Famosa por suas imponentes torres gêmeas em estilo gótico com 80 metros de altura, a igreja financiada pela burguesia com a intenção de competir com a Catedral de Praga (localizada do outro lado do Rio Moldava) foi erguida na segunda metade do século 14 sobre uma antiga igreja românica. Centro de pregadores reformistas, no século 15 tornou-se o principal templo hussita (igreja protestante criada por Jan Hus) da cidade.

A construção atual tem 52 metros de comprimento, 28 de largura e 44 de altura (24 metros nos corredores laterais), mas ela nem sempre teve este tamanho respeitável: a igreja surgiu pequena, e com o tempo (e aumento de importância) foi ampliada até chegar no limite das construções vizinhas. Apesar de parecerem iguais, as torres Adam e Eve são diferentes (a torre sul é cerca de 1 metro mais alta), inclusive foram erguidas em épocas distintas. A entrada principal fica escondida em uma passagem estreita entre as casas em frente à igreja.


Mapa da Igreja. Crédito pela imagem: PlanetWare

A igreja é uma extensa galeria de obras e esculturas em estilos gótico, renascentista e barroco. O mestre gótico Petr Parléř é responsável pelo portal do lado norte, com um tímpano (aquele arco que fica acima da porta) em relevo que representa a crucificação e diversos episódios da Paixão de Cristo, e pela janela frontal com 38 metros de altura e ricamente decorada. Após um incêndio em 1679, o corredor foi redesenhado em estilo barroco.

No interior em pedra com iluminação reduzida, destacam-se os 19 altares em torno do salão principal; as pinturas de Karel Škréta que decoram o altar e o mais antigo órgão de tubos de Praga, ambos do século 17; a estátua gótica de Nossa Senhora com o Menino Jesus, também conhecida como “Madonna de Tyn”, datada de 1420; as 14 grandes pinturas sobre o Calvário, feitas por Frantisek Cermak em 1854; e as cerca de 60 tumbas e lápides preservadas, desde figuras importantes da história tcheca, personagens da burguesia e até desconhecidos.

A igreja abre para visitação de terça a sábado das 10hs às 13hs e das 15hs às 17hs, e domingo das 10hs às 12hs. A entrada é gratuita, e não é permitido tirar fotografias dentro do prédio.

- Igreja de São Nicolau (Saint Nicolas Church, Chrám Svatého Mikuláše)



Igreja em estilo barroco erguida entre 1732-1737 no local da uma igreja gótica do século 13, que chegou a ser a paróquia da cidade antes da construção da igreja Týn. A derrota na Batalha da Montanha Branca em 1621 acabou com a liberdade religiosa na cidade, e a igreja foi entregue à Ordem Beneditina em 1635. Um incêndio em 1689 destruiu quase tudo, o que motivou a decisão de derrubar o que sobrou e construir um monastério, erguido entre 1727-1730, além da igreja. Em 1787, o convento foi desativado e os edifícios passaram às mãos da Prefeitura e Praga. Entre 1865-1871 a igreja foi usada como sala de concertos, entre 1871-1914 retornou a fins religiosos, quando foi dada à Igreja Ortodoxa Russa. O edifício mosteiro foi demolido em 1898, em 1916 o templo foi convertido em uma igreja guarnição e completamente reparado. Desde 1920 é sede da Igreja Hussita da Checoslováquia.

Existem duas igrejas em Praga em homenagem a São Nicolau (a outra fica em Malá Strana). Elas compartilham o nome, o estilo e a arquitetura. O edifício de Staré Město tem planta em formato de cruz com três corredores, cúpula com 46,5 metros de altura e duas torres com tem cerca de 1 metro a mais.

Apesar de muitos objetos terem sido removidos quando o mosteiro foi desativado, o interior segue ricamente decorado com esculturas e afrescos em estilo neo-barroco que retratam a vida de São Nicolau, São Benedito e passagens  do Antigo Testamento. O altar é todo de mármore. No teto, admire o lustre de cristal em forma de Coroa Imperial, oferecido à igreja pelo Czar russo Nicolau II. O órgão original é do século 18, finamente decorado com um vaso, enfeites florais, conchas, dois anjos sentados e outros dois em pé com trombetas. Em 1949 o órgão original foi substituído por um mais recente.

Durante a noite, a igreja transforma-se em um dos melhores locais de Praga para se ouvir música clássica e sacra, com apresentações da Orquestra de Cordas de Praga. A igreja abre para visitação todos os dias, de segunda a sábado das 10hs às 16hs e domingo das 12hs às 16hs. As missas são realizadas aos domingos às 10hs. A entrada é gratuita. Para mais informações sobre a igreja e agenda de concertos, acesse http://www.svmikulas.cz/en/.

- Torre da Antiga Prefeitura (Old Town Hall, Staroměstská radnice) e Relógio Astronômico (Astronomical Clock, Pražský orloj)



Sede do conselho municipal da Cidade Velha desde 1338, quando o bairro obteve a independência política. Inicialmente instalada na “Wolflin de Kámen” (hoje centro de informações de Praga), foi ampliada ao longo dos séculos com a construção da torre de 70 metros de altura (finalizada em 1364) e a compra das casas ao lado, formando um complexo que mescla construções de estilos românico, renascentista e gótico. Em 1784 passou a centralizar a administração da cidade de Praga. Bombardeada em 1945 durante a Segunda Guerra, a ala norte (em frente à igreja Týn) foi completamente destruída, a torre foi seriamente danificada, e o arquivo da Capital de Praga foi destruído, juntamente com uma biblioteca de coleções valiosas.



Tem um portal gótico ricamente decorado e uma janela com o emblema da Cidade Velha e do reino da Boêmia. É possível subir a torre e ter uma bela vista panorâmica do centro histórico de Praga, conhecer as imponentes salas de audiência (must-see: a sala do conselho, do século 15, portal de mármore, paredes decoradas com brasões, esculturas, teto de madeira original e afrescos), a capela gótica de 1381 que protege as engrenagens do relógio astronômico (onde é possível ver as figuras dos apóstolos) e o subsolo labiríntico com antigos vestígios das ruas, lojas e casas de moradores de Praga, poços e cisternas para água da chuva, além dos espaços usados como prisões. A parte mais antiga do subterrâneo é o salão romano da segunda metade do século 12.


Praga vista da Torre da Antiga Prefeitura e público aguardando o início da apresentação do Relógio Astronômico na Praça da Cidade Velha

A principal atração da praça é o espetacular Relógio Astronômico (Astronomical Clock, Pražský orloj), instalado na parede sul da torre da Prefeitura desde 1410. São três componentes principais: o mostrador astronômico indica a posição do Sol, da Lua e dos planetas; a ”Caminhada dos Apóstolos”, um show mecânico apresentado a cada hora cheia com as figuras dos apóstolos e outras esculturas com movimento; e um mostrador-calendário com medalhões representando os meses, signos do zodíaco e as estações do ano.


Relógio Astronômico

O relógio marca quatro tipos de tempo: Tempo da Europa Central (tempo antigo alemão, indicado por números romanos na berma da esfera, apontado pelo ponteiro solar), Antigo Tempo Boêmio (o novo dia começa com o deitar do sol. Indicado pelos números góticos dourados situados no anel exterior da esfera, gerido pelo aparelho independente), Tempo Babilônico (marca o tempo do nascer ao por do sol, que pode variar dependendo se é Verão ou Inverno; o relógio de Praga é o único no mundo capaz de medir esse tempo), e o Tempo Astral (indicado pelos números romanos; na parte inferior da fachada há o mostrador do calendário que indica o dia, sua posição na semana, mês e ano).

A cada hora cheia, os turistas tomam a praça em frente ao relógio para assistir a morte, segurando uma ampulheta, tocar um sino e 12 bonecos de madeira, simbolizando os apóstolos, desfilarem na parte de cima; estátuas simbolizando a vaidade (que se admira num espelho), a avareza (que olha para o seu saco de ouro), e a invasão pagã (que abana a sua cabeça incrédulo), balançam suas cabeças. Quando o galo dourado no topo do relógio move suas asas, um sino soa a hora. Completam a decoração do relógio outras quatro figuras: um cronista, um anjo, um astrônomo e um filósofo, que podem ser interpretadas como as quatro fontes mais importantes da arte e da cultura praguense da época.

As apresentações acontecem todos os dias, das 9hs às 21hs. Para saber mais sobre o funcionamento do relógio, acesse http://www.staromestskaradnicepraha.cz/en/astronomical-clock/how-to-read-time/.

Quanto custa?

Subir a torre: 110 CZK para adultos, 70 CZK para menores entre 6-15 anos e maiores de 65 anos, 30 CZK para menores entre 3-6 anos;

Subsolo: 50 CZK para adultos, 30 CZK para menores até 15 anos e maiores de 65 anos;
Capela: 30 CZK para adultos, 20 CZK para menores até 15 anos e maiores de 65 anos;
Salões históricos: 50 CZK para adultos, 30 CZK para menores até 15 anos e maiores de 65 anos;

Capela + salões históricos + subsolo: 100 CZK para adultos, 70 CZK para menores entre 6-15 anos e maiores de 65 anos, 20 CZK para menores entre 3-6 anos, pessoas com necessidades especiais, jornalistas e maiores de 75 anos;

Pacote completo (torre, capela, salões, subsolo): 160 CZK

Horários de funcionamento:

Subir a torre: Segunda das 11hs às 22hs, terça a domingo das 9hs às 22hs
Subsolo: Segunda das 11hs às 18hs, terça a domingo das 9hs às 18hs
Salões históricos e capela: Segunda das 11hs às 18hs, terça a domingo das 9hs às 18hs
Visitas guiadas: Segunda das 11hs às 20hs, terça a domingo das 9hs às 20hs

Mais informações: http://www.staromestskaradnicepraha.cz/en/

- Clementinum (Clementinum, Klementinum)


Ilustração com a planta do complexo (Crédito: Prague.net)

Em 1556 o imperador Ferdinand I convidou os jesuítas para liderar a Contrarreforma em Praga. Eles se mudaram para o antigo mosteiro de São Clemente (1232), transformado em colégio jesuíta. O colégio foi um dos centros docentes mais importantes na época barroca, sendo considerado o terceiro maior do gênero do mundo. Grandes astrônomos, cientistas, músicos e filósofos da Europa estudaram e trabalharam ali.

Maior conjunto de prédios históricos da Cidade Velha e o segundo da cidade, atrás apenas do Castelo de Praga, o complexo de 20 mil m² localizado na Praça Marianské (Mariánské náměstí) tem edifícios universitários, cinco pátios, três igrejas, duas torres, biblioteca, teatro, observatório e casa de impressão. Em 1622, com o fim da construção do complexo, os jesuítas transferiram a biblioteca da Charles University, instituição que competia com o Colégio de Jesuítas na época, ao Clementinum. Em 1654, a faculdade foi incorporada à Universidade. Os jesuítas permaneceram no complexo até 1773, quando o local foi estabelecido como um observatório, biblioteca e universidade pela imperatriz Maria Theresa de Áustria.

Começamos a visita pelos pátios do complexo, onde estão (1) uma estátua de um Estudante de Praga (1847), erguida em memória dos estudantes que defenderam Praga contra os suecos em 1648; (2) ruínas em pedra do primeiro sistema de abastecimento de água em Praga construído pelos jesuítas; e (3) seis relógios de sol antigos (entre as janelas do andar superior e há mais sete deles em outros lugares do complexo).


Grande Biblioteca Barroca (Crédito: Wikipedia)

Erguida em 1722, a Grande Biblioteca Barroca (Baroque Library Hall, Barokní knihovní sál) é decorada com afrescos que remetem à ciência e arte. No meio do salão fica a coleção de globos raros e antigos. Aberta ao público em 1777, contava com 20 mil volumes. Além de incorporar acervos e outras bibliotecas, a partir de 1782 todos os livros publicados no país deveriam estar nas estantes da biblioteca. Assim, o acervo cresceu rapidamente. Em 1918 o controle passou para o recém criado estado Czecho-eslovaco, e em 1990 recebeu status de Biblioteca Nacional. Seu acervo atual tem mais de 6 milhões de livros, sendo o mais antigo um manuscrito chamado “Vyšehrad Codex” (Vyšehradský kodex), datado de 1085.

A Capela dos Espelhos (Mirror Chapel, Zrcadlová kaple) foi construída em 1724, tem estuque folheado a ouro, colunas de mármore, espelhos no teto e afrescos ilustrativos da vida da Virgem Maria. Abriga dois órgãos do século 18, um deles usado por Mozart. Concertos de música clássica são organizados todos os dias.


Capela dos Espelhos (Crédito: Wikipedia)

Construída em 1723, a Torre Astronômica (Astronomical Tower, Astronomická věž) tem 68 metros de altura e 172 escadas íngremes em espiral que levam até o balcão 52 metros acima do chão, com vista panorâmica da Cidade Velha. No topo, uma estátua gigante do deus grego Atlas segura um globo. Em 1750 recebeu instrumentos para observações astronômicas e medições climáticas, e desde 1775 é o local mais antigo do mundo a coletar tais registros de forma initerrupta. A partir de 1842, o toque de meio-dia passou a ser anunciado ali com um aceno de bandeira, e 1891-1928 foi acompanhado por um tiro de canhão de Hradčany. Em 1938 os astrônomos foram transferidos para um observatório em Ondřejov.

Construída em várias etapas entre 1578-1714, a Igreja do Santíssimo Salvador (Saint Salvator Church, Kostel Nejsvětějšího Salvatora) mescla estilos gótico e barroco. Localizada na Praça dos Cruzados (Little Square, Křižovnické náměstí), a fachada é marcada por pórticos com esculturas de santos e uma da Virgem Maria em destaque. Considerada um dos mais importantes exemplos de arte barroca de Praga, o interior é dividido em três naves de mármore cercadas de galerias e estátuas, o estuque e a cúpula são decorados com afrescos, já o confessionário tem estátuas dos 12 apóstolos. A igreja tem dois órgãos, recém restaurados e usados em concertos de musica clássica.


Torre Astronômica (esq) e Igreja do Santíssimo Salvador (dir)

A igreja é conectada à pequena “Capela Italiana Oval da Assunção da Virgem Maria” (Italian Chapel of the Assumption of Our Lady, Kaple Nanebevzetí Panny Marie), erguida entre 1590-97 para atender a comunidade italiana que se estabelecia em Praga na época. O edifício tem formato forma oval com uma pequena cúpula, e mescla estilos renascentista e barroco.

A terceira igreja do complexo é a São Clemente (St. Clement's Cathedral, Kostel svätého Klimenta), erguida em estilo barroco entre 1711-15 no lugar de uma igreja gótica de mesmo nome demolida no século 15. O exterior simples contrasta com o interior esplêndido, embora tenha um único corredor com um teto dividido, os altares laterais, púlpito e confessionário são finamente decorados com estátuas e afrescos. O órgão barroco é original do século 18. Atualmente propriedade da propriedade da Igreja Ortodoxa Grega, recebe concertos de música clássica durante todo o ano.

Endereço: Mariánské náměstí 5

Quanto custa?

O tour guiado (em inglês e tcheco) pela Torre Astronômica, a Biblioteca Barroca e a Capela dos Espelhos tem saídas a cada hora e custa 220 CZK para adultos, 140 CZK para menores entre 6 e 15 anos, e maiores de 65 anos.

Horários de funcionamento:

Janeiro - Março: todos os dias entre 10hs e 17hs (última saída às 16hs)
Abril: todos os dias entre 10hs e 18hs (última saída às 17hs)
Maio - Agosto: todos os dias entre 10hs e 20hs (última saída às19hs)
Setembro: todos os dias entre 10hs e 19hs (última saída às 18hs)
Outubro - Dezembro: todos os dias entre 10hs e 18hs (última saída às 17hs)

Mais informações: http://www.klementinum.com/index.php?lang=2

Dica do Viajante: Aproveite que você está na Praça Mariánské para conhecer outros edifícios importantes, como o Palácio Clam-Gallas  (Clam-Gallas Palace, Clam-Gallasův palác), erguido em 1713 em estilo gótico; Nová radnice, construído entre 1908-11 e que desde 1945 é sede da Prefeitura de Praga; e a Biblioteca Municipal (Minicipal Library, Městská knihovna v Praze), construído em estilo art-deco entre 1925-28, com suas seis figuras alegóricas masculinas e femininas que representam a literatura, escultura, música, filosofia, recreação e construção.

- Igreja de São Francisco Serafim (Church of Saint Francis Seraph, Kostel sv. Františka Serafinského)


Igreja de São Francisco Serafim (esq) e Igreja do Santíssimo Salvador (dir)


Igreja de São Francisco Serafim (esq) e Igreja do Santíssimo Salvador (dir)


Detalhe da cúpula e das cinco estátuas no topo

Situada na Praça dos Cruzados (Little Square, Křižovnické náměstí), a poucos metros da Ponte Carlos e do Clementinum, esta igreja em estilo barroco foi erguida entre 1679-1685 sobre as ruínas da antiga Igreja do Espírito Santo (The Holy Spirit, Duch svatý), em estilo gótico e datada de 1252. Foi consagrada em 1688 pelo arcebispo de Praga, Johann Friedrich von Waldstein, em homenagem a São Francisco de Assis.

Pertence ao monastério dos Cruzados da Estrela Vermelha, ordem hospitalar tcheca criada em 1233 por Santa Inês de Bohemia. Em 1252, os monges se estabeleceram na antiga Ponte Judith (o antecessor da Ponte Carlos) e ergueram e Igreja do Espírito Santo.


Praça dos Cruzados, com a estátua de Carlos IV (Charles IV, Karel IV) em destaque

A fachada é marcada por cinco estátuas de santos patronos da Boémia colocadas em nichos, além de outras cinco ornamentadas no topo da fachada que caracterizam anjos, além de estátuas da Virgem e São João Nepomuceno. Também chama a atenção a imponente cúpula de 41 metros de altura.

O interior em mármore tem nave e as duas capelas laterais em homenagem à Santíssima Trindade e São João Batista, que juntas formam uma configuração de cruz. A entrada da igreja, as capelas, os pilares e paredes são finamente decorados com afrescos de anjos. A cúpula está coberta por um afresco que retrata o Juízo Final. Na arcada por cima do altar estão retratos da Maria da Assunção, a batalha de Constantino e o Adorno da Arca da Aliança no Monte do Templo. No altar-mor, figuras dos quatro virtudes cardeais (prudência, temperança, justiça e fortaleza), a Adoração dos Reis Magos e Adoração dos Pastores.

O órgão de 1702 é o segundo mais antigo de Praga, conhecido por ter sido usado por Mozart e Dvořák pelo menos uma vez. A igreja organiza concertos diários (entre abril e outubro) com obras clássicas muito conhecidas. Para mais informações, http://www.jchart.cz/.

Endereço: Křižovnické náměstí 3

A igreja pode ser visitada todos os dias (entre abril a novembro) das 10hs às 19hs, exceto durante concertos.

- Rudolfinum



Localizado na Náměstí Jana Palacha, o edifício neo-renacentista construído entre 1875-85 deve seu nome a Rudolf, príncipe herdeiro da Áustria que presidiu a inauguração. Conhecida por sua imponente decoração e por oferecer a melhor acústica da cidade, a Dvořák Hall (homenagem ao tcheco Antonín Dvořák, nome importante da música clássica) é uma das salas de concerto mais antigas da Europa. Casa da Orquestra Filarmônica de Praga desde 1946 e um dos principais locais do Festival Internacional de Música de Primavera de Praga, realizado todos os anos em Maio e Junho.

O local recebeu espetáculos até 1918, quando foi convertido em Câmara dos Comuns da República da Checoslováquia. O salão virou sala de reuniões, o palco e galeria do órgão tornaram-se tribunal para os líderes parlamentares. O Rudolfinum permaneceu um edifício político até o final da Primeira República (1939). Durante a ocupação alemã, iniciou-se a completa restauração do local, processo que durou até 1992, quando o Rudolfinum restaurou sua função de espaço de música e arte.


Dvořák Hall

O hall de entrada, chamado “Dvorana Ceremony Hall”, foi convertido em cafeteria parlamentar após 1918 e ginásio do Conservatório de Praga durante a ocupação alemã. Observe os 25 espaços vazios nas paredes, originalmente destinados a ser preenchidos com afrescos, entretanto, a maioria dos pintores tchecos boicotaram a competição em protesto contra o grande número de artistas alemães envolvidos na construção do Rudolfinum.

O Suk Hall, construído entre 1940-42, é o mais novo salão do Rudolfinum. Foi destinado a servir como um espaço menor para shows que poderia ser usado enquanto o Dvořák Hall estava em reconstrução. A sua decoração interior é inspirado no projeto arquitetônico original do edifício, razão pela qual esteticamente é compatível com o resto do edifício.

O edifício também é sede da Galerie Rudolfinum, galeria de arte aberta em 1994 no espaço projetado originalmente para a Sociedade dos Amigos Patrióticos de Arte, que em 1918 foi convertido em escritórios administrativos para o parlamento. A concepção arquitetônica das salas de exposição, com seus tetos de vidro, garantem iluminação durante o dia (a restauração adicionou a possibilidade de escurecer o espaço). Atulamente recebe exposições temporárias de arte contemporânea.

Endereço: Alsovo Nabřeží 12

- Igreja de São Tiago Apóstolo (Church of St. James the Greater, Kostel svatého Jakuba Většího)



Localizada entre as praças da Cidade Velha e da República (Náměstí Republiky), foi erguida em estilo gótico em 1232 e convertida em barroco no século 17, após um incêndio. É considerada a segunda maior igreja da cidade (atrás apenas da Catedral de São Vito) e uma das cinco "basílicas menores" de Praga. Anexo a igreja há um convento franciscano, com mosteiro, claustro e a bela Capela de Santa Ana (Kaple sv. Anny).

O exterior da igreja tem duas torres, a maior de 60,5 metros de altura abriga um relógio, uma dos poucos registros da construção original. A menor, de 50 metros, foi restaurada após o incêndio de 1689. A entrada principal tem três portais com estuques de São Francisco de Assis, São Tiago e Santo Antônio de Pádua, já a parte superior é decorada com estátuas de São Joaquim, Santa Anna, Virgem Maria e São João, além de uma escultura do Santíssimo Salvador.


Interior da igreja (Crédito: http://kolit.borec.cz/110726/praha_kostel_sv.jakuba_vetsiho.htm)

O impressionante interior barroco em mármore tem três naves de mármore cercadas por 22 capelas, já o presbitério, estuque, cúpula e abóbadas são decorados com afrescos. O púlpito é suspenso, sustentado por um corpo maciço de um leão. Destaques para a estátua de madeira da Pieta, datada do ano 1500; o belo túmulo do chanceler tcheco Jan Václav Vratislav de Mitrovic (1714-16), localizado do lado esquerdo da nave e decorado por anjos, famoso por ter sido enterrado vivo acidentalmente; a coleção de afrescos de mais de 20 mestres barrocos, em especial Peter Brandl, Hans von Aachen, Jan Jiří Heinsch e Václav Vavřinec Reiner; e o órgão datado de 1702 considerado o maior de Praga, com impressionantes 8277 tubos e decorado com esculturas.


Estuques de Santo Antônio de Pádua e São Tiago (Crédito: Wikipedia)

Entre as atrações, digamos, bizarras, estão um braço (sim, braço) mumificado, pendurado por mais de 400 anos do lado direito na entrada da igreja, relacionado à lenda de um ladrão, que supostamente entrou na igreja no meio da noite para roubar as jóias da Pieta. Quando chegou perto da estátua, ela agarrou seu braço com tanta força que o ladrão não conseguia se mover nem ficar livre, e teve que esperar a noite toda até os monjes aparecerem. Para soltá-lo, decidiram cortar seu braço e pendurá-lo na entrada da igreja como exemplo, para "lembrar a todos dos Dez Mandamentos“.

Endereço: Malá Štupartská

Outros locais de interesse:

- Igreja de San Gall (St Gall Church, Kostel svatého Havla): Localizada na Havelské město, na parte sul da Cidade Velha, esta igreja erguida em em 1230 mescla estilo românicos, gótico e barroco, resultado de reconstruções ao longo dos séculos. A fachada barroca é marcada por duas torres e oito estátuas de santos, já o interior com três naves laterais e várias capelas ao redor combina traços barrocos com afrescos, portais e esculturas góticos;


Igreja de San Giles (Crédito: prague-stay.com)

- Igreja de San Giles (St Giles Church, Kostel svatého Jiljí): Construída em 1371 no lugar de uma igreja românica datada de 1238, no século 17 passou para a ordem dos Dominicanos, que lá ergueram um monastério. O exterior tem colunas românicas e janelas góticas, e o interior em estilo barroco tem pilares, altares, retábulos, confessionários e afrescos no púlpito datados de 1733-34. Imperdível o órgão romano-gótico datado de 1733, um dos maiores de Praga, com 3500 tubos.

Bogotá – La Tartine: um pedaço gostoso da França em La Candelaria

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Salsicha de Toulouse

A região central de Bogotá (onde fica o bairro de La Candelaria) é bem famosa por suas atrações turísticas – só para citar algumas, lá estão o Museo del Oro, Museo Botero, Plaza Bolivar, Casa de Moneda, Cerro Monserrate – mas é colocada em segundo plano quando o assunto é gastronomia.

O charme gastronômico da região conhecida como “Zona C” está nos restaurantes pequenos e familiares, onde o dono (que quase sempre é também o chef) recebe os(as) clientes como se fossem amigos(as) de longa data para um banquete no quintal de casa, regado a boa comida, vinho e boa conversa.

Para descobrir a boa gastronomia da La Candelaria, é preciso caminhar por suas ruelas estreitas e ladeiras sem fim. Nas minhas andanças em busca de restaurantes que valem a visita, me deparei com esta casa com fachada pequena e tímida, carinha de bistrô parisiense, com as bandeiras da França e Colômbia hasteadas na porta.









Curioso que sou, abri a porta e me deparei com uma aquarela de cores pelas paredes, com fotos, recortes de jornal e objetos que remetem a França, além de uma imperdível coleção de bandeiras de diversos países penduradas no teto. Nos três pequenos salões com luz baixa e clima bem aconchegante, Edith Piaf cantava a plenos pulmões, e da cozinha vinham aromas irresistíveis, além de sons de um animado chef que cantarolava enquanto saíam os pratos. Sim, eu sei, não encontramos lugares assim todos os dias.

Restaurante francês em Bogotá não é novidade – existem vários espalhados pela cidade, como os conhecidos Jacques no norte, La Cigale na Zona G, Sant Just e Bonaparte no Centro – , mas este é diferente. Ainda pouco conhecido dos bogotanos (aqui no trabalho, por exemplo, ninguém conhecia), o La Tartine trouxe para Bogotá o melhor da gastronomia do sul da França, em especial da cidade de Toulouse, terra do chef Pascal Tournamille, que divide com sua esposa Jeannethe, colombiana, a administração da casa.









No La Tartine você não vai comer “Confit de Canard” (coxa de pato confitada), “Tartare de Boeuf” (Steak Tartare), foie gras, quiches ou “Coq Au Vin” (Galo ao vinho tinto), pratos que predominam nas mesas francesas no Brasil. Aqui as especialidades são a Tartine, as linguiças e embutidos de fabricação própria, e o Cassoulet.

Pascal cozinha com generosidade e paixão, seus pratos são sempre fartos (quebrando aquele pré-conceito de que a cozinha francesa é sempre minimalista), coloridos e perfumados. Isso pode ser percebido nas Tartines – também conhecidos como a “bruschetta francesa”, são a porta de entrada do cardápio. Com preços entre COP 12,000 e COP 19,000, uma Tartine é suficiente para uma refeição, sem a necessidade de entrada nem sobremesa.


Tartine de Roast Beef

Ao saber que eu não era colombiano, rapidamente o chef veio falar comigo, quis saber de onde eu era, e em cinco minutos a conversa já estava nos campos de futebol e nos muitos sabores do Brasil. Pronto, acabara de ser promovido da categoria “novo cliente” a “da casa”, fui convidado a conhecer a cozinha, ver o preparo do Cassoulet (daqui a pouco falarei a respeito) e provar um pedaço de copa artesanal com crosta de pimenta, preparada pelo próprio chef – by the way, simplesmente DELICIOSA.


Tartine de "Pollo al Curry"

Provamos quatro versões de Tartine, e todas agradaram MUITO – os mais famintos vão se acabar com a de Roast Beef (COP 18,000), que leva tenras fatias de um belo rosbife preparado pelo próprio chef, além de vegetais salteados no azeite (abobrinha, pepino, cebola e tomate) com ervas e especiarias, tudo sobre uma fatia colossal de pão. Para finalizar, um toque de azeite trufado. A Tartine é acompanhada por uma batata pequena com cebola caramelizada por cima e uma saladinha de alface, abacate, ovos cozidos e croutons. De longe, o melhor rosbife que comi NA VIDA. Os vegetais são bem saborosos, feitos no ponto certo, o perfume do azeite trufado é irresistível. Para comer de joelhos.


Tartine de Chorizo Espanhol

Outras opções de Tartines que brilham são a de Chorizo Espanhol (COP 16,000), onde a linguiça preparada e curada pelo próprio chef com carne de porco, pimenta (sim é um pouco picante), ervas e temperos, sem conservantes, tem sabor idêntico ao autêntico chorizo espanhol; a “Pollo al Curry” (COP 12,000), com lascas de peito de frango salteadas no curry (o padrão é suave, mas dá para pedir mais forte) e ervas; e a “Pollo al Chutney de Mango” (COP 12,000), para quem gosta de misturar doce com salgado, leva pedaços de frango grelhados com ervas, finalizado com pedaços de manga caramelizada, outra criação do chef Pascal.


Tartine de "Pollo al Chutney de Mango"

Quando falamos em charcutaria, o La Tartine merece respeito. Todas as linguiças e embutidos usados nos pratos são feitos em casa, como a ESPETACULAR “Salsicha de Toulouse” (COP 18,000), um bichão de 300 gramas de pura carne e zero gordura, temperada apenas com ervas e preparada na grelha. Peça um potinho de mostarda Dijon com grãos para acompanhar.

Acompanham o prato uma seleção de vegetais salteados (tomate, pepino, abobrinha, cogumelos) com um toque de amêndoas, e as sempre presentes batata com cebola caramelizada e a saladinha de alface, abacate, croutons e ovos picados, esta última finalizada com aceto balsâmico.


Saladinha de entrada

Para quem não conhece o Cassoulet, também conhecido como “feijoada francesa”, é um ensopado preparado com feijão branco, linguiças e carnes de diversos tipos. Jóia do cardápio e orgulho do chef, o prato é servido apenas às sextas (COP 26,000) e preparado rigorosamente como manda a tradição do sul da França – são doze horas de cozimento lento, usando linguiças de fabricação própria, com zero de gordura.

O resultado é um prato complexo com sabores fortes, o feijão carnudo derrete na boca após horas de cozimento, as linguiças e carnes destacam-se pela maciez e intensidade de sabores, e o caldinho é uma delícia. Lembra um cozido de avó.

A porção é bem servida, com a cestinha de pão que vem de couvert dá conta do recado tranquilamente. Coloque um pouco de pimenta do reino para ajudar a “puxar” os sabores. A tigelona ainda vem acompanhada de um “shot” de vinho tinto para ser colocado no finalzinho, quando só tiver sobrado o caldinho do Cassoulet, para ser misturado e bebido diretamente na tigela, como manda a tradição francesa.


Cassoulet

Para alguns, o Cassoulet do chef Pascal é suave (por exemplo, no Brasil eles são um pouco mais apimentados), para outros é mais grosso que o normal. Importante dizer que é o AUTÊNTICO, idêntico ao encontrado nos bistrôs do sul da França. Para quem busca conhecer a origem dos pratos, provar o Cassoulet do La Tartine é a certeza de comer “O” original.

Como todo chef, Pascal também gosta de inventar e propor algumas combinações que não estão na carta, como estes medalhões de filet mignon com molho à base de queijo Camembert e azeite trufado, coberto por maçãs caramelizadas e acompanhado pelo sempre presente trio batata + vegetais salteados + saladinha (COP 43,000). Um prato com sabores intensos e marcantes, a carne é extremamente macia e suculenta, preparada ao ponto, com interior rosa e quase nada de sangue.



Dois sabores fortes e dominadores, eu diria que Camembert e azeite trufado jamais combinariam, mas aqui eles mostram um casamento perfeito, um usa o outro para brilhar no seu melhor e juntos ajudar a realçar o sabor da carne.

Para beber, estão disponíveis dois sucos por dia (normalmente manga e lulo, COP 3,000 cada), feitos com fruta, sem polpa. A carta de vinhos foca nos rótulos franceses, é possível harmonizar a refeição com uma taça de tinto (COP 9,000) ou chutar o pau da barraca e pedir logo uma garrafa, com bons preços (COP 50,000).


Apóstol


Suco de lulo (esq) e St-Idesbald (dir)

Os amantes de cerveja vão pirar aqui – além da Stella Artois (COP 5,000) e da belga Delirium Blonde (COP 7,000), a casa oferece dois rótulos tipo Dubbel: a colombiana Apóstol (COP 9,000), bem maltada, com aroma de caramelo e 6,3% ABV; e a St-Idesbald (COP 15,000), que nem está na carta, um petardo com 8% ABV, bastante caramelo no nariz e notas tostadas na boca, com boa predominância de malte, uma delícia.


Éclair

A carta de sobremesas tem apenas três opções, o ótimo éclair de creme com cobertura de fondant de chocolate (COP 4,000), e as tortinhas de limão e chocolate com Amaretto (COP 3,000 cada). Das três, o éclair e a tortinha de chocolate são imperdíveis – o primeiro tem massa super leve, recheio cremoso e um ótimo fondant de chocolate meio amargo por cima, já a segunda leva chocolate meio amargo com licor italiano de amêndoas, que deixa aquele gostinho no final. A tortinha de limão é gostosa, leva bastante calda de limão, mas não surpreende.


Tortinhas de limão e chocolate com Amaretto

No jantar a casa mantém a proposta Tartines + embutidos, porém as porções quase dobram de tamanho, focando mais nos grupos de pessoas com disposição a degustar vários pratos.

Endereço: Calle 12 # 3-88
Telefone: +57 314 257 0201 ou +57 313 334 1397
Horário de funcionamento: Segunda das 11h30 às 15hs, terça à sexta das 11h30 às 15hs e das 19hs à meia-noite, sábado das 19hs à meia-noite, domingo fechado.

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Bogotá – Matiz Restaurante (Chicó)

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Amor a Mar

Restaurante mediterrâneo instalado em um casarão no coração de Chicó, pertinho do Parque de la 93. Reconhecido como uma das melhores mesas da cidade, atualmente as panelas são comandadas pelo chef peruano Diego Vega Coriat, que adora brincar com os sabores e transformar combinações inusitadas em grandes experiências gastronômica. Lugar perfeito para surpreender os paladares mais exigentes, definitivamente brilha como uma das melhores mesas de Bogotá.

O salão interno é dividido em três ambientes aconchegantes e elegantes, com paredes e mesas brancas, pequenas poltronas acolchoadas escuras, boa entrada de luz natural e generoso uso de madeira escura nos móveis, bar e piso. Sem dúvidas o lugar mais bonito da casa é o jardim de inverno com teto de vidro, duas paredes repletas de verde (incluindo árvores frondosas que ultrapassam o teto) e um espelho d’água vertical. Para os dias mais frios, os aquecedores instalados no teto criam uma atmosfera perfeita para casais.


Salão principal

O atendimento segue o alto padrão esperado para um restaurante considerado “top” não apenas na cena gastronômica de Bogotá, mas em qualquer lugar do mundo: personalizado, altamente cordial e atencioso, sem ficar do lado da mesa “apressando” a decisão ou dando sugestões sem ser solicitado. Típico lugar onde pagamos os 10% do serviço com sorriso no rosto.


Babaganuj de couvert

Nas duas visitas que fizemos, o couvert da casa foi uma porção de babaganuj cremoso e com aquele gostinho defumado no final, com um toque de pimenta picada e salsinha. Para acompanhar, uma pequena cesta de pães quentinhos.

Abrimos nossa viagem gastronômica pelas boas entradas da casa. No Matiz, as entradas são mais do que simples coadjuvantes para abrir uma refeição, cada um tem sua própria identidade, sua complexidade de sabores, e pela elaboração são tão importantes quanto um bom prato principal.


Jardim de Inverno


Jardim de Inverno

O “Belly” (COP 28,000) reúne pedaços tenros de panceta (ou barriga de porco) caseira servidos sobre pão naan indiano, finalizados com um molho à base de mostarda e mel, e camadas de chalota (o nome correto daquela cebolinha pérola que usamos para fazer conserva). Simples na concepção e complexo na execução, o desafio aqui é valorizar as diferentes camadas de carne sem interferir no seu sabor. A combinação do defumado da carne, do agridoce do molho e do adocicado da chalota criam um prato marcante, onde todos os sabores estão presentes e brilham na boca. Para ser degustado sem pressa.


Belly

IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

Criado para os amantes de caranguejo, o “Primo” (COP 48,000) reúne pedaços generosos da carne do crustáceo temperados com manteiga de alho, vinho branco e um toque de chilis, servidos com vermicelli artesanal (pasta fininha, semelhante ao spaghetti). Servido frio, é uma porção farta para uma entrada, suave (mesmo com os chilis) e incrivelmente saborosa, méritos para a carne de qualidade e bem temperada.


Primo

Entre as entradas vegetarianas, provamos o “Porto”, um tipo de tiradito de cogumelos portobello fatiados e acompanhados de nozes, rúcula, pesto de tomates confitados e queijo parmesão (COP 24,000). Embora seja uma porção pequena, o conjunto agrada bastante pela harmonização de sabores tão intensos, sempre com o cogumelo em primeiro plano. A brincadeira aqui é descobrir as diferentes faces do cogumelo, que pode ser combinado com vários ingredientes, gerando diferentes sensações na boca.


Porto

O Matiz foi o primeiro restaurante que visitei em Bogotá, e tudo por causa de um prato: o inesquecível “Amor a Mar” (COP 49,000), que combina risoto de carne de siri, vieiras gigantes do Pacífico com camadas de pimenta verde e folhas de rúcula com vinagre de Jerez. Sério, o negócio é impressionante - risoto molhadinho, carne de siri bem desfiada e derretendo na boca, as vieiras gigantes levemente adocicadas e com o toque da pimenta. Um dos três melhores pratos que comi em Bogotá.


Amor a Mar

Para quem busca combinações inusitadas, o “Blanche” (COP 48,000) traz uma posta de salmão grelhado (e mal passado), gnocchis de abóbora, lâminas de banana-da-terra crocante, queijo feta e um molho à base de gengibre, shoyu e mel. São muitos itens, muitos sabores, mas esta mistureba toda funciona – apenas acho que o salmão deveria vir bem grelhado, e não servido apenas selado e com interior mal passado.


Blanche

Para quem prefere algo mais tradicional, existem alguns cortes de carne Angus, como o tenro "Medallón de Lomo", o nosso filet mignon (COP 69,000), servido com um acompanhamento – pedimos com o ótimo e molhadinho risoto de cogumelos. Carne extremamente macia e suculenta, temperada apenas com sal, selada e servida com o interior rosa, sem sangue, padrão Andrés Carne de Res (para quem não conhece, é o o mítico restaurante é o mais famoso de Bogotá, reconhecido como a melhor carne da cidade).


Medallón de Lomo

Da carta de sobremesas, o “Alejandra” (COP 16,000) é um bolinho de chocolate oco e com uma casquinha por cima, acompanhado com um confit de frutas do bosque e uma bola de sorvete de amêndoas. Digamos que seja uma releitura do chef para o tradicional petit gateau: junto com o doce, o garçom traz um bule com chocolate quente derretido, devidamente derramado por cima do bolo até que a casquinha rompa e o interior do bolo fique inundado de chocolate líquido e quentinho. Uma perdição só.


Alejandra

Entre as opções mais clássicas, o “Giverny” (COP 16,000) é a tradicional tarte tatin de maçãs, servida sobre uma base folhada de crocante de caramelo com canela, e finalizada com uma bola de sorvete de creme caseiro por cima. Adoro tarte tatin, acho uma das sobremesas mais espetatulares que existe, e reinventar um clássico é sempre arriscado. A maçã tem cozimento perfeito, e as mudanças propostas pelo chef servem apenas para oferecer diferentes nuances de sabor, sem interferir na estrela da festa.


Giverny

De todas as delícias que provamos, acho que o único porém da nossa visita foi o “Normande” (COP 16,000), uma torta de banana, dacquoise (discos de merengue intercalados com creme de avelãs), sorvete, mel de tomilho e pedaços de laranja. Confesso que aqui não entendi a idéia do chef, não sei qual é o principal sabor. São muitos sabores fortes juntos, e na minha opinião não houve harmonia – cada item separado é delicioso, mas tudo junto cria uma confusão de sabores.


Normande

Para beber, o suco de Tangerina (COP 8,000) é quase uma unanimidade, embora seja bem diferente dos que encontramos no Brasil, pessoalmente não achei a tangerina colombiana tão refrescante quanto a brasileira.

A casa ainda oferece algumas poucas cervejas, mas é na carta de vinhos que o Matiz mostra sua força. São mais de 200 rótulos de 10 países, com predominância de argentinos e chilenos. É uma seleção elaborada com carinho para quem é apaixonado(a) por vinhos, conciliando rótulos mais exclusivos  de preços altos com opções bem acessíveis – cerca de 30% dos rótulos custam até COP 100,000.


Suco de Tangerina e Beronia Reserva em taça

Além das garrafas, tem uma carta (enxuta, diga-se) de vinhos em taça, como os ótimos Beronia Reserva (COP 20,000) e Morandé Cabernet Franc (COP 20,000) que provamos. O Beronia remete aos meus bons tempos em Madrid, um assemblage de Tempranillo, Graciano e Mazuelo, aveludado e com boa estrutura (em tempo: na opinião deste blog, o Beronia é um dos poucos casos de vinhos espanhóis onde o “Reserva” agrada mais que o “Gran Reserva”). Já o Morandé é um vinho suave, boa presença de fruta e acidez equilibrada, faz um bom papel com pescados ou frutos do mar mais elaborados, ou apenas para acompanhar uma boa carne.

Endereço: Calle 95 # 11A-17
Telefone: +57 (1) 520 2003
Horário de funcionamento: Segunda a sábado das 12hs às 13h30 e das 19hs às 23h30. Fechado domingo.
Internet: http://www.matizrestaurante.com/

Bogotá – La Mar Cebicheria (Usaquén)

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Tiradito Urbano

Restaurante peruano com matriz em Lima e filiais em São Paulo, Miami e San Francisco. A casa de Bogotá está localizada na zona gastronômica de Usaquén, estrategicamente instalada em um casarão a poucos passos da Plaza de Usaquén, fora do burburinho.

Administrado pela Acurio Restaurantes, empresa do chef-estrela Gastón Acurio (para quem não o conhece, é o principal responsável por elevar a gastronomia peruana ao nível gourmet que conhecemos) e dona de 44 restaurantes divididos em 10 marcas próprias, sendo os carros-chefe, além do La Mar, o premiado Astrid y Gastón (Lima, Santiago, Bogotá, Madrid, Caracas, México DF) e a cozinha descomplicada do Tanta (Lima, Santiago, Barcelona, Madrid, Chicago, Santa Cruz, Panamá, Guayaquil).


Salão de entrada

Sempre achei o La Mar um lugar perfeito para petiscar, aproveitar aquele fim de tarde para uma happy hour a la peruana (regada com Pisco Sour, lógico) ou para quem busca um almoço repleto de pequenas delicias para compartilhar. Nunca fui muito fã do cardápio de pratos principais da casa, muito óbvios e com pouca criatividade, e continuo com a mesma opinião após conhecer três das cinco casas da rede.

Dividido em dois ambientes, o grande salão pode receber até 380 pessoas. O ambiente padronizado procura valorizar a arquitetura do local, geralmente com pé direito alto e janelões que permitem a entrada generosa de luz natural. Normalmete as plantas sempre fazem parte da decoração, seja adornando a construção do lado de fora ou criando um ambiente mais informal na área externa. Completam a atmosfera a música ambiente (às vezes em volume um pouco alto demais), mesas e cadeiras coloridas e um bar gigantesco de onde saem os bem preparados coquetéis da casa.

O atendimento do La Mar Bogotá esforça-se para ser atencioso, a cozinha trabalha com rapidez para entregar os pratos. Sem informalidades, sem sorrisos, apenas fazem bem seu trabalho.


Couvert

O couvert é composto por uma cestinha com algumas delícias preparadas em formato chips: tem batata (doce e salgada),  banana-da-terra, beterraba. Para acompanhar, um potinho de molho picante. Sim, o troço é viciante de tão bom, você provavelmente comerá a cestinha toda antes do seu prato principal chegar.

Para beber, com certeza o segredo da felicidade são os coquetéis à base de Pisco – são mais de 20 opções, desde o clássico Pisco Sour até combinações com frutas (maçã, abacaxi, laranja, maracujá, kiwi, etc), café (sim, estamos na Colômbia), campari, vermute, sake e ginger ale. Para quem prefere algo sem alcool, peça os sucos grossos e cremosos, servidos em uma jarrinha, parecem smoothies (COP 4,800). Só fuja da limonada da casa, cara (COP 11,600) e feita com a parte de dentro do limão, que a deixa horrivelmente amarga.


Suco de piña (abacaxi)

IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

O cardapio de pratos para compartilhar é grande, dividido em ceviches (preciso explicar?), tiraditos (parece sashimi, mas não é), causas (camadas de purê de batatas intercaladas por algum recheio bem gostoso), rolls  (uramakis e hossomakis japoneses em versão peruana) e anticuchos (espetinhos).

Comece com o clássico dos clássicos, o bem preparado “Cebiche Clásico” (COP 34,800), com peixe branco (normalmente robalo) em cubos, cebola roxa, leite de tigre, suco de limão, gengibre, coentro, pimenta, batata doce e milho. Pessoalmente ainda considero a versão do Tanta de Santiago imbatível, mas a do La Mar também agrada bastante, até agora foi a melhor que comi em Bogotá. Peixe tenro (só poderia vir em cubinhos menores), molho bem executado. Porção bem servida, pedida certa para abrir nossa viagem gastronômica pelos sabores peruanos.


Cebiche Clásico

Da carta de tiraditos, me encanta o “Tiradito Urbano” (COP 18,800), que reúne fatias fininhas de salmão e polvo com um molho à base de ají amarillo (pimenta típica peruana) e milho, ingrediente sempre presente na culinária peruana. Prato leve e muito saboroso, o molho levemente picante combina com o salmão, mas tem um casamento perfeito com as tenras fatias de polvo. Estive no La Mar de Bogotá duas vezes, e foi o único prato que fiz questão de repetir.

Entre as causas, vá sem medo na “Causa Nikei” (COP 14,800), com fatias de atum e salmão defumado com um molho à base de abacate e wasabi. Para criar um prato que pudesse ser compartilhado por todos na mesa, o La Mar repaginou uma das estrelas mais importantes da cozinha peruana – aqui a batata fica na base, e o ingredientes vão por cima. Assim fica mais fácil de pegar e comer em poucas bocadas.


Anticucho Pulpo

Outra escolha que rende bons resultados é o “Anticucho Pulpo” (COP 31,800), são quatro espetinhos de polvo feitos na grelha com chimichurri e purê de batatas. A concepção é ótima, mas é preciso atentar-se a alguns cuidados básicos: no dia da nossa visita, o polvo tinha uma textura diferente em cada espetinho, de ponto ideal a “borrachento power”. Mesmo com este deslize, três dos quatro pedaços estavam saborosos, o molhinho por cima dá um “up” na carne delicada. O purê de batatas temperado é gostoso, mas agrega pouco valor ao prato – está lá apenas para dar volume.

Importante dizer que os rolls peruanos são diferentes dos japoneses. Nem melhor, nem pior, apenas diferentes. Escolhemos o “Roll Fashion” (COP 22,800), semalhante ao uramaki (sem alga), leva kani e abacate por dentro, uma capa de salmão por fora, finalizado com fideos de arroz (os típicos noodles) fritos por cima e servido com um molho nikei, agridoce. Pessoalmente prefiro o ponto do arroz japonês, aqui ele parece uma massa homogênea, já o recheio é bem saboroso.


Roll Fashion

Um dos poucos pratos principais que me empolguei em pedir foi o “Picante de Langostinos” (COP 48,800), que reúne camarões gigantes mergulhados em molho de ají amarillo, servido com batatas e acompanhado de arroz. E só. Não estava ruim, só estava simples demais. Obviamente a estrela deveria ser o crustáceo, mas quem manda é o molho, com textura e sabor marcantes, ele domina tudo. A porção de camarões poderia ser um pouco mais generosa.

Endereço: Calle 119B # 6-01
Telefone: +57 (1) 629 2177
Horário de funcionamento: Todos os dias de 12hs à meia-noite, sem paradas.
Internet: http://www.lamarcebicheria.com/bogota/

Top 10 Bogotá: Cerro e Santuário de Monserrate

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Subida do teleférico com Bogotá ao fundo

Principal atração turística da cidade, a Basílica Santuário do Senhor Caído de Monserrateé um dos principais centros religiosos e de peregrinação do país, recebendo cerca 1 milhão de visitantes todos os anos. A primeira capela dedicada à Virgem Morena de Monserrat (em homenagem à santa localizada no Mosteiro de Santa Maria de Montserrat, no município de Monistrol de Montserrat, Barcelona) começou a ser erguida em 1640 e levou 17 anos para ficar pronta.

O local escolhido foi o topo de uma das principais colinas dos chamados “Cerros Orientales” de Bogotá (cadeia de montanhas que delimitam o leste da cidade), que mais tarde recebeu o nome “Monserrate” (com “e” no final), exatos 3152 metros acima do nível do mar. Desde então, todos os dias, milhares de peregrinos sobem devotamente por um caminho estreito e empedrado como um ato penitencial.




Interior do santuário


Torre com o sino que marca a chegada ao santuário

O atual santuário, datado de 1929 e construído em estilo neocolonial no mesmo lugar da antiga capela, abriga a imagem do “Santo Cristo Caído aos Açoites e Cravados na Cruz”, obra de impressionante valor artístico e que atrai multidões de peregrinos pelos seus atribuídos poderes de cura. Do lado esquerdo, uma pequena capela guarda a imagem da Virgem de Monserrate. Aliás, a basílica tem quase duzentas imagens da Virgem, junto das capelas e dos confessionários. Contruído em meados do século 20, o altar de mármore vem de Florença.


Bogotá



funicular foi construído entre 1926 e 1929 pela empresa suíça Lowis von Roll e inaugurado oficialmente em 18 de agosto de 1929. Tem um comprimento linear de 800 metros e uma inclinação média de 80 ° atingindo uma velocidade de 3,2 metros por segundo e sua capacidade máxima é de 80 pessoas. O modelo atual foi instalado em 2003, tem teto panorâmico e laterais de vidro para proporcionar uma excelente vista da cidade.

No começo da subida, assim que sai da estação, é possível ver do lado esquerdo o antigo funicular, descansando após anos de bons serviços prestados. Na parte mais alta do passeio, o trenzinho passa por um túnel construído na rocha antes de chegar à estação.

teleférico inaugurado em 1955 conta com duas cabines que transportam até 40 pessoas cada por viagem, um percurso que leva pouco mais de 4 minutos. As janelas panorâmicas permitem uma vista da cidade e das copas da árvores do cerro.


Funicular que funcionou entre 1929 e 2003


Bogotá, floresta e teleférico, todos juntos na mesma foto


Aqui com a companhia do outro funicular


Túnel do funicular escavado na rocha (para quem não gosta, o trecho é bem curtinho)

Reconstruída em 1980 para receber o grande fluxo de pessoas, a subida peatonal tem exatos 2350 metros de extensão e 463 metros de altimetris que intercalam ladeiras de pedra e escadas em espiral que totalizam exatos 1554 degraus íngremes e irregulares. É uma subida pesada mesmo para quem tem bom preparo físico - aliás, a trilha é amplamente usada por esportistas, que sobem e descem em ritmo alucinante. Com as esperadas pausas para recuperar o fôlego, dá para subir em pouco mais de 1 hora.

Não esqueça a garrafinha com água (durante o percurso existem várias barracas vendendo frutas e água), e não deixe de passar protetor solar – o sol tímido de Bogotá pode queimar de verdade.


Placa indicando os mirantes ao longo da subida


O começo da subida é uma ladeira bem tranquila






Este trecho é conhecido como "rompe piernas", pela dificuldade - neste ponto você já terá subido uns 750 degraus. Único trecho fechado da trilha, o túnel existe para evitar o deslocamento das pedras

Contruída junto com o santuário, a Via Crucis no caminho que conduz ao topo para acompanhar o sacrifício e oração dos peregrinos tem 14 estações com esculturas que retratam a paixão e morte de Jesus Cristo, trazidas de Florença no século 19 e adornadas por vegetação nativa.


Uma das passagens da Via Crucis com o santuário ao fundo


Algumas das passagens da Via Crucis

No topo, há uma feirinha de artesanato, uma fonte onde os visitantes jogam moedas e fazem pedidos, e um sino que marca a entrada do santuário. Do mirante é possível ter uma visão 180 graus da extensão da savana de Bogotá, avistar o centro histórico e La Candelaria, parte da zona norte e até as pistas do aeroporto.


Fuente del Milagro

Outra atração é a “Fuente del Milagro”, que com água geladinha e pura ajuda a matar a sede dos peregrinos. Conta a lenda que, frente ao desafio de levar água para os trabalhadores na época da contrução da antiga capela, brotou uma fonte de água em cima da colina, a 3131 metros acima do mar.


Casa San Isidro (esq) e Casa Santa Clara (dir), com o Cerro Guadalupe ao fundo

No topo de Monserrate há dois restaurantes: o Casa San Isidro serve pratos da culinária francesa, enquanto o Casa Santa Clara, instalado em um casarão construído em 1924 em Usaquén e que em 1979 foi desmontado e transladado para o alto da colina, oferece comida típica bogotana e uma baita vista panorâmica da cidade.


Um pouco da natureza encontrada no topo do cerro

O álbum completo de fotos do Cerro e Santuário de Monserrate está disponível na página do Viajante Comilão no Facebook.

Endereço: Carrera 2 # 21-48

Como chegar: É possível chegar via Transmilênio, descer nas estações Las Nieves, Las Aguas, Universidades ou Museo del Oro, e caminhar cerca de 20 a 30 minutos, dependendo da estação. O caminho até lá é uma grande subida, como alternativa dá para pegar um táxi (cerca de COP 10,000, ou R$ 12), que te deixa em frente à entrada do edifício de onde partem o teleférico e funicular. É só entrar na fila, comprar as entradas e esperar o embarque.

Para horários de funcionamento e preços, acesse:
Santuário: http://santuariomonserrate.org/index.php/el-santuario-de-monserrate/horarios
Funicular: http://www.cerromonserrate.com/uploads/galeria/3879_tarifas_funicular.jpg
Teleférico: http://www.cerromonserrate.com/uploads/galeria/8676_tarifas_teleferico.jpg
Subida peatonal: http://www.idrd.gov.co/sitio/idrd/?q=es/node/311

Para mais informações, acesse http://www.cerromonserrate.com/es/ e http://santuariomonserrate.org/

Top 10 Bogotá: Museo Nacional

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Inaugurado em 1824, é o museu mais antigo do país. Seu acervo de mais de 30 mil peças (terceira maior coleção pública da Colômbia, atrás do Instituto de Ciências Naturais e do Museo del Oro), das quais 2500 estão em exposição permamente nas 17 salas do museu,  divide-se em arte, história, etnografía (estudo descritivo da cultura dos povos, sua língua, raça, religião, hábitos etc.) e arqueologia, não apenas de povos colombianos, mas também da América Latina e Europa, reunindo pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, instalações e artes decorativas desde 10.000 aC até os dias atuais.









Entre os destaques do acervo, está a maior coleção de iconografia de Simon Bolívar na América Latina, com inúmeras pinturas a óleo, desenhos e gravuras; 57 obras dos mestres colombianos Fernando Botero, Alejandro Obregón e Guillermo Wiedemann, além de obras em óleo e esculturas de mais de 20 artistas colombianos; o estandarte usado por Francisco Pizarro conquistar o Peru no início do século 16; uma coroa em ouro, diamantes e pérolas dada a Simon Bolivar em Cuzco e seu testamento manuscrito; uma coleção arqueológica que relata as práticas funerárias de mumificação na Colômbia; relevos funerários egípcios; e mais de uma centena de peças de arte e pinturas a óleo africanas de artistas americanos.









Nos seus mais de 200 anos de história, o Museo Nacional teve várias sedes. Desde a sua fundação até 1842 ocupou a antiga Casa Botânica, construída no século 18 e demolida na década de 1950; entre 1845-1913 a sede foi o edifício de Las Aulas, casa da Biblioteca Nacional entre 1823-1938 e que desde 1942 recebe o Museo de Arte Colonial; entre 1913-1922 esteve no edifício “Pasaje Rufino Cuervo”, Calle 14 com Carreras 7 e 8 (demolido anos mais tarde); entre 1922-1944 funcionou no quarto andar do edifício Banco Pedro A. López, hoje sede do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural; e de 1948 até os dias atuais, a antiga Penitenciária Central de Cundinamarca, conhecida como "Panóptico" (referência ao sistema de vigilância em forma de anel, com um pátio e uma torre no centro, onde um observador poderia, em teoria, ver todos os locais onde houvesse presos).







Para muitos, o prédio tem um valor histórico tão importante quanto o acervo do museu. Desenhado pelo dinamarquês Thomas Reed em 1850 e construída entre 1874-80, foi a maior prisão no país por quase 72 anos. A construção de três andares em formato de cruz latina chegou a abrigar 5.000 presos políticos durante a Guerra dos Mil Dias (1899-1902). Um decreto em 1934 mudou o sistema prisional, as 204 células  antes habitadas por vários prisioneiros passaram a receber apenas um, foram instalados refeitórios, salas de carpintaria, pomar e até um campo de futebol. Em 1946 os presos foram transferidos para a nova prisão La Picota e o Governo atribuiu o prédio para abrigar o Museo Nacional.







Aberto oficialmente ao público no novo endereço em 02/05/1948, o Museo Nacional divide-se em "três museus nacionais": "Arqueologia e Etnografia" no primeiro andar; "Museo Histórico" no segundo e "Museo de Bellas Artes" no terceiro. Além do acervo permamente, tem um vasto histórico de exposições temporárias (já recebeu cerâmica grega do Louvre; os guerreiros de terracota; peças egípcías e peruanas; pinturas espanholas dos séculos 15-20; e obras de artistas como Rembrandt, Humboldt, Picasso, Rodin), que tornam o local reconhecido como o centro cultural mais ativo da capital.





Uma vez que o edifício reúne valores arquitetônicos, foi declarado Monumento Nacional em 1975.

Endereço: Carrera 7 # 28-66
Como chegar: Estação “Museo Nacional” de Transmilênio – a entrada norte é em frente ao portão principal
Horário de funcionamento: Terça a sábado das 10hs às 18hs, domingo das 10hs às 17hs, fechado segunda.
Quanto custa: Entrada gratuita.
Internet: www.museonacional.gov.co

Bogotá – Köttbullar

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Almôndegas de carne de porco com molho ao pesto

Pense em um restaurante onde as tradicionais almôndegas (sim, aquelas que você ADORA comer no macarrão de domingo) são as donas do cardápio. Esta é a proposta do Köttbullar, casa com endereços nas zonas gastronômicas de La Macarena e Usaquén (em tempo: o nome da casa faz referência às tradicionais almôndegas suecas, feitas com carne de vaca e porco, farinha de rosca, leite e especiarias).

O endereço de La Macarena fica perto do Museu Nacional, mas para chegar até lá é uma caminhada puxada – não pela distância, mas pelas duas subidas sem fim, fica na esquina da Calle 26C com a Carrera 1, também conhecida como Circunvalar, a mesma que passa pelo Santuário de Monserrate. Já o endereço de Usaquén fica na Calle 120A, algumas quadras da Plaza de Usaquén e do burburinho dos restaurantes.







Em comum as duas casas são pequenas, o ambiente aconchegante reúne algumas poucas mesas e uma bancada com poucoslugares, alguns objetos de decoração nas paredes, como uma coleção de pratos, um moedor de carnes antigo, a primeira nota fiscal do restaurante de 2011 e uma gravura de Tintin. A atmosfera em Usaquén é mais despojada, tipo lanchonete dos anos 1950, enquanto a matriz em La Macarena tem um ar mais tradicional. O atendimento na matriz é feito pelos donos, ele cuida do salão e ela comanda as panelas.

Logo que o cliente chega, ele recebe um copo de água (imagino que é pela subida de matar) e um potinho de amendoins caramelizados, uma cortesia da casa antes de fazermos os pedidos.



São cinco opções de almôndegas: “Clásico Res” (a tradicional versão de carne de vaca), “Cerdo” (carne de porco), “Pollo” (frango), “Vegetariana” (falafel e quinua) e a “especial da semana”, que pode ser uma das quatro opções com algum tempero (por exemplo, frango com gengibre) e/ou molho, ou alguma invenção dos donos, como as versões de merluza e cordeiro.

O cardápio é simples: na primeira página uma espécie de fluxograma ajuda no processo: primeiro, você escolhe uma das almôndegas; em seguida,o molho - Pomodoro, Pesto, “Strogonoff” (com cogumelos e base de carne); “Alvaro” (creme de leite, manteiga, azeite, alho e queijo) ou “Suero y Pepino”, iogurte com pepino; o próximo passo é dizer se prefere as almôndegas em sanduíche (3 ou 5 unidades, na baguete com queijo derretido) ou na tigelinha (3 unidades). O preço varia de COP 15,000 (tigelinha ou sanduíche com 3 almôndegas) a COP 20,000 (sanduíche com 5 almôndegas).


Almôndega de "res" (carne de vaca) com molho pomodoro



IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.

Pagas à parte, é possível acompanhar as almôndegas com batata frita (COP 5,000), purê de batatas (COP 10,000), feijões brancos cozidos na cerveja Ale (COP 10,000), seleção de vegetais (COP 10,000) ou o risoto da semana (COP 10,000), que pode ser de milho com mel, beterraba, favas com espinafre e cogumelos, etc.


Refeição completa por COP 25,000 (sem a cerveja, lógico)

As almôndegas realmente merecem os elogios e o TOP10 no TripAdvisor, parecem feitas no forno ao invés de fritas, tamanha a leveza e força dos temperos. Provei a de carne de vaca com molho Pomodoro e a de porco com molho ao Pesto, a textura da primeira é incrível, mas me apaixonei para segunda, as bolinhas são consistentes e têm sabor intenso, o molho ao pesto, valorizado pelas boas ervas e pelo alho fresco, ainda recebe uma quantidade generosa de azeite que escorre pelos dedos mordida após mordida.

Para acompanhar as almôndegas, gostei muito do purê de batatas, extremamente leve e feito com batatas amassadas rusticamente, que quebram aquele marasmo na boca. Já as batatas fritas eu achei um pouco pesadas, pulo. Completam a refeição uma pequena tigela de salada com folhas verdes.


Purê de batatas

A carta de cervejas é uma das mais completas da cidade, com cerca de 20 rótulos premium, incluindo as principais colombianas (Moonshine e Apóstol) e boa seleção de importadas, com destaque para as belgas La Trappe (Quadrupel e Witte, minhas preferidas), Delirium (Tremens e Nocturnum) e Duvel, inglesas e irlandesas, como London Pride e Murphy’s Stout. Os preços são competitivos, entre COP 10,000 e COP 20,000. Também oferece uma enxuta carta de vinhos.


La Trappe Quadrupel, minha belga preferida (COP 20,000)

A casa trabalha com os sucos da marca colombiana Mamba, feitos com 100% fruta orgância, são densos e saborosos, lembram um smoothie. São quatro versões (COP 5,000 cada, garrafinha com 250ml): “Alba” (manga, laranja, maçã e banana), “Santo” (morango, maçã, laranja e goiaba), “Faro” (feijoa, conhecida como goiaba-serrana, com hortelã, laranja e espinafre) e “Vela” (amora, morango, banana e uva).

Para fechar a refeição, duas pequenas trufas de chocolate de cortesia, super macias e com sabor intenso de chocolate, que podem ser compradas ali mesmo por COP 20,000 a caixa com 30 unidades. O negócio é bom pra caramba, só isso que eu posso dizer.


Suco Mamba "Vela", com amora, morango, banana e uva

O único porém depois de uma baita refeição com um ótimo preço é o sistema de exaustão da casa, que simplesmente NÃO EXISTE; infelizmente a fumaça da cozinha invade o salão e você invariavelmente sairá de lá com a roupa fedendo gordura, PT total. Quando for, vá com aquela roupa velhinha, já suja do fim da viagem, porque ela irá direto para a máquina de lavar (e precisará de bastante sabão para ficar novinha em folha).

Uma sugestão: permitir o cliente escolher dois tipos de almôndegas na opção de sanduíche com 5 unidades, assim o cliente pode experimentar e “brincar” com sabores.

La Macarena: Calle 26C # 3- 05
Usaquén: Calle 120A # 5-61
As duas casas trabalham com o mesmo horário de funcionamento - quarta a sábado das 12hs às 22hs, terça e domingo das 12hs às 17hs, fechado segunda.
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