Lungern
Rápido, limpo, confortável e sempre pontual, o trem é o principal meio de transporte da Suíça. Pequeno em extensão territorial (equivalente ao estado do Rio de Janeiro), o país possui uma impressionante malha ferroviária com mais de 5 mil km de extensão – são incríveis 118,12 metros por km², a segunda maior do mundo (atrás apenas da República Tcheca, com 122.13, e infinitamente superior aos medíocres 3,35 do Brasil), 824 estações e mais de 300 milhões de passageiros transportados todos os anos.
Lucerna e Interlaken são duas das cidades mais lindas e espetaculares da Suíça. Distantes 50 minutos de trem das imperdíveis Zurique e Berna, respectivamente, são lugares que representam a essência de tudo o que é possível encontrar na Suíça: casinhas de madeira centenárias, vaquinhas com sininho no pescoço pastando tranquilas e lagos com água azul turquesa, tendo como plano de fundo o fantástico cenário panorâmico alpino. Além de serem duas cidades obrigatórias no roteiro de todo(a) turista que visita a Suíça, Lucerna e Interlaken são conectadas por um dos passeios de trem mais bonitos do mundo.
“Brünig Pass” serpenteando o Lungernsee
Além dos trens regulares da SBB CFF FFS (a companhia ferroviária do país), a empresa GoldenPass Line opera uma rota turística entre as duas cidades, que percorre os 74 km do passeio via “Brünig Line” em exatas 2 horas. Os vagões chamados “Panoramic” são espaçosos, confortáveis, silenciosos e com janelas gigantes que permitem uma visão privilegiada dos 21 vilarejos, 10 paradas, 4 lagos (Vierwaldstättersee, também conhecido como o Lago Lucerna; Sarnensee, Lungernsee e Brienzersee) e muitas paisagens de cartão-postal.
Entre Lucerna (450 metros de altitude) e Giswil (485 metros de altitude), a viagem é praticamente plana. A partir de Giswil o trem inicia uma subida constante, serpenteando pelas montanhas passando por Kaiserstuhl (700 metros) e Lungern (752 metros). Para vencer os 3 km quem separam Lungern de Brünig-Hasliberg (1002 metros), o ponto mais alto da viagem, com inclinação média de 12%, entram em ação as tradicionais cremalheiras (em descidas e subidas muito íngremes, vários trens têm uma terceira "roda", que é uma engrenagem que se conecta com um trilho especial dentado, que dá a tração para o trem).
Vilarejo com degelo ao fundo
O trajeto entre Brünig-Hasliberg (1002 metros de altitude) e Meiringen (595 metros) é uma descida íngreme com quase 4 km de extensão, e novamente as cremalheiras são necessárias para vencer os cerca de 400 metros de altitude. De Meiringen até Interlaken Ost (568 metros) o passeio volta a ser plano.
O trajeto também pode ser feito de carro, pela “Brünig Pass”, muito procurada por motociclistas pelas curvas e por ciclistas pelas subidas e descidas. Veja a altimetria completa do percurso aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Profil_Luzern-Interlaken_Ost.png.
Trem a caminho de Lucerna, passando por Lungern
Saindo de Lucerna, as duas primeiras paradas ficam aos pés de 3 das principais montanhas dos Alpes Suíços, muito procuradas por turistas e praticantes de esqui. A partir do pequeno vilarejo de Hergiswil (10 minutos de viagem), às margens do Lago Lucerna, é possível subir o Monte Stanserhorn, famoso pelo teleférico Cabrio, de dois andares e com a parte superior aberta, ou pegar outro trem até Engelberg e de lá o teleférico até o Titlis (3020 metros de altitude). A segunda parada é em Alpnachstad (16 minutos), principal rota de acesso ao Monte Pilatus, de onde parte o bondinho mais íngreme do planeta, com incríveis 48% de inclinação.
A terceira parada é na pitoresca Sarnen (23 minutos), capital do cantão de Obwalden, espalhada por uma encosta de montanha por cima de um prado repleto de árvores, às margens do Sarnensee e aos pés do Monte Langis, de onde partem bondinhos e teleféricos para 12 montanhas dos Alpes. A cidade é habitada desde a idade da Pedra Antiga e da Idade do Bronze, como demonstram vestígios encontrados no vale de Sarnen.
O segredo do chocolate suíço
Os vilarejos de Giswil (34 minutos), Kaiserstuhl (41 minutos) e Lungern (48 minutos), no coração dos Alpes, são muito procurados pelos suíços como estâncias balneares no Verão e de esqui no Inverno. Localizados num vale, a visão a partir do trem é de um mirante em movimento que revela casinhas de madeira, um belo lago de água esmeralda (mas que também pode ser azul turquesa, dependendo da incidência de luz) que perde-se no horizonte, pastos com as tradicionais vaquinhas suíças, água de degelo escorrendo pelas pedras formando cascatas, florestas exuberantes e sequências de cadeias de montanhas. A cada momento revelam-se novas surpresas, novos ângulos. Na opinião deste blog, um dos cartões-postais do passeio e que provavelmente renderá as melhores fotos da viagem.
Giswil
Chegou a hora de subirmos até Brünig-Hasliberg (1 hora de viagem). Não fosse a vasta floresta à direita, certamente a visão panorâmica do vale seria sensacional, mas como as árvores estão altas, será difícil ver alguma coisa lá embaixo. Aproveite a subida pela janela, com sorte você poderá cruzar com um urso pelo caminho.
A descida até Meiringen (1h17 de viagem), penúltima parada da viagem, provavelmente revelará um pouco da paisagem, mas sem dúvidas a parte mais divertida é acompanhar a composição descendo o vale como se fosse um carro engatado. Localizada num cotovelo e rodeada de montanhas, Meiringen é um destino famoso pela cachoeira Reichenbach (250 metros), cenário da morte presumida de Sherlock Holmes no livro “The Final Problem” – aliás, o pequeno vilarejo possui um museu dedicado ao personagem de Sir Arthur Conan Doyle. Meiringen também é conhecida por supostamente ter criado o merengue.
Casinhas em Lungern
Como Meiringen é ponto final, não uma estação de passagem, a locomotiva acoplada à frente da composição precisa ser desconectada, manobrada e levada para o final da composição, onde será reconectada para seguirmos viagem até Interlaken. É estranho, mas é a única maneira do trem seguir viagem, já que não existe espaço para manobrar todos os vagões.
A última parada antes de Interlaken Ost é Brienz (1h39 de viagem), uma espécie de península com casinhas de madeira, muitas das quais centenárias, cercada pelas águas de cor azul turquesa do Lago Brienz e com a fiel companhia dos Alpes dos dois lados. Completam a paisagem os barquinhos milimetricamente parados no lago como se estivessem posando para as fotografias. Para muitos, uma das paisagens mais cênicas da Suíça. Se o paraíso realmente existe, com certeza foi inspirado em Brienz.
Brienz
Brienz também é famosa pelo Freilichtmuseum Ballenberg, um vasto museu ao ar livre de 66 hectares e que é composto por cerca de 100 edifícios rurais históricos, desde simples chalés alpinos a explorações agrícolas inteiras com muitos animais. As construções, de madeira, pedra ou tijolo, vieram de várias regiões suíças e todas foram salvas da demolição, tendo sido cuidadosamente removidas e reconstruídas no local. No interior destas casas o mobiliário é também o original. Vale a visita.
O destino final do GoldenPass Panoramic é Interlaken. Separe pelo menos 2 dias na cidade, o primeiro para desfrutar este vilarejo encantador, cercado por montanhas e localizado entre os Lagos Brienz e Thun, e o segundo para subir o Monte Jungfrau (3454 m), conhecido como “Top of Europe” (onde fica a mais alta estação de trem da Europa) e famoso por ter neve o ano todo (é possível esquiar até no verão). Para saber mais sobre Jungfrau, acesse http://www.viajenaviagem.com/2011/09/de-interlaken-ao-top-of-europe-pela-jungfraubahn/.
Brienz
De Interlaken você também pode seguir viagem até Berna (via SBB) ou pegar o trem GoldenPass Classic com destino a Montreux (baldeação em Zweisimmen), na Suíça francesa, um trajeto que pode ser percorrido em 3 horas. São 8 trens diários, 2 dos quais usando vagões Pullmann, que pertenceram à Orient-Express. Para saber mais sobre o GoldenPass Classic, acesse http://www.viajenaviagem.com/2011/09/golden-pass-line-parte-1-de-montreux-a-interlaken/.
Importante 1: No trajeto entre Interlaken e Lucerna as paradas são as mesmas. Seguem os tempos de viagem, para que você possa orientar-se durante o passeio: Brienz (18 minutos de viagem), Meiringen (31 minutos), Brünig-Hasliberg (52 minutos), Lungern (1h05), Kaiserstuhl (1h12), Giswil (1h21), Sarnen (1h34), Alpnach (1h41) e Hergiswil (1h49).
Importante 2: É possível fazer os dois trechos da Golden Pass Line com o Swiss Pass, desde que se viaje nos vagões convencionais. Para viajar nos vagões panorâmicos é necessário fazer reserva e pagar suplemento.
Vagão "Panoramic" e seus janelões
Horários de partida dos trens:
- A partir de Lucerna: de hora em hora, das 06h55 às 19h55 (trens panorâmicos às 07h55, 09h55, 12h55, 14h55, 17h55 e 19h55);
- A partir de Interlaken: de hora em hora, das 07h04 às 19h04 (trens panorâmicos às 07h04, 10h04, 12h04, 15h04 e 17h04).
Para reservas e mais informações, acesse o site do GoldenPass Line: http://www.goldenpass.ch/default.asp?Language=EN
O álbum completo de fotos do passeio entre Lucerna e Interlaken pode ser acessado na página do Viajante Comilão no Facebook - http://www.facebook.com/OViajanteComilao.
Dicas do Viajante Comilão:
- O blog “De Mochila as Costas” fez um post bem legal sobre os Alpes Suíços, vale ler e principalmente deliciar-se com as fotos! Segue o link: http://viajardemochilaascostas.blogspot.com/2012/09/alpes-suicos.html
- O blog “Passeando pela vida...” percorreu os vilarejos alpinos de moto, cruzando toda a Suíça alemã e terminando na Suíça francesa, As fotos são espetaculares! Seguem os links da viagem:
Link 1: http://passeandopelavida.com/2012/10/09/25-passeando-ate-a-suica-2012-o-vale-lauterbrunnen-e-grinderwald/
Link 2: http://passeandopelavida.com/viagens-passadas/2012-2/v-paseando-ate-a-suica-2012/
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